quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

A BATALHA DE SEATTLE

Trata-se de um bom filme de 2007, do ator irlandês Stuart Towsend, aqui fazendo o papel de diretor e roteirista, de um filme militante. Quase que um documentário, o filme fala dos conflitos nas ruas de Seattle por ocasião dos protestos contra a reunião da OMC em 1999. O filme conta com excelente direção, boas cenas, a atuação competente de vários atores entre eles, Woody Harelson ( muito bom!), Ray Lliotta ( também está bem) Charlize Theron e Michelle Rodriguez, e trata com competência de um assunto interessante, mostrando aspectos políticos e subjetivos inclusive da repressão. Valeu !

2001 - Uma Odisséia no Espaço

Aproveitei o último dia do ano, para rever um clássico "2001- Uma Odisséia no Espaço" de 1968, do Stanley Kubrick, com roteiro do próprio e do Arthur Clarke. Quando vi o filme no cinema, década de 70, ainda não havia a categoria de "cult", mas este deve ter sido um dos primeiros. Um misto de fantástico e soberbo e chato. Muitas foram as piadas, todas enfatizando um roteiro que muito pouca gente entendeu na época, e as explicações que arrumaram para o monolito. É uma das mais formidáveis associações de imagem e som do cinema, a meu ver. Algo comparável a "Fantasia" dos estúdios Disney. Achei o filme melhor agora (a estória fez mais sentido) do que na época em que vi, embora com as limitações da uma tela menor ( som e imagem). Ainda assim continua imperdível, bonito, soberbo e chato. Em matéria de ficção científica, confesso que não é minha praia, nem mesmo com a avalanche de efeitos que separaram estes quarenta anos conseguem fazer algo tão bom. Valeu 2009 !

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

À DERIVA

Trata-se de um filme nacional de 2009, do diretor Helio Dhalia, do aclamado " O cheiro do ralo", com produção da O2 ( nossa, a gravação de som continua horrível ) com um bom elenco (o francês Vicent Cassel e a Debora Bloch estão bem no filme) e uma estória interessante que trata de um casal em crise e a percepção de sua fiha adolescente. Infelizmente, o lado bom acaba e o filme, se apresenta meio chato e monótono em alguns momentos e até mesmo a trilha sonora contribui um pouco, Há belas imagens de paisagens e só. Dá prá ver, com um pouco de paciência, mas está bem abaixo da expectativa deixada pelo diretor.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

CHE - PARTE DOIS


Na parte dois do "épico" sobre o Che, Steven Soderbergh se superou - conseguiu fazer um filme mais chato do que a parte um. De bom, o filme só tem mesmo, mostrar a equivocada opção política foquista, que mesmo sem um apoio organizado dos partidos e organizações de massa, se colocou em uma ação revolucionária temerária. Não dá nem para dizer que mostrar isto seja um dos objetivos do filme. O roteiro e a direção ficam no meio do caminho entre documentar e romantizar e acaba não fazendo nem uma coisa e nem outra, mostrando em sua maior parte um jogo delirante de movimentações sem sentido nas matas - jogo de gato e rato com final conhecido, o que não dá normalmente um bom filme. Também não é um filme de atores. O primeiro é bem melhor, principalmente por ser um melhor documentário, sem chegar a ser algo recomendável.

domingo, 13 de dezembro de 2009

NOTORIUS


Notorius (2009) é um filme sobre Cristhoper Wallace ( The Notorius BIG) um cantor de rap norte-americano, oriundo do Broklin, que foi assassinado em 1997, quando tinha 24 anos de idade. O filme começa meio clichezão, sem ser ruim, filho de mãe solteira, envolvimento com tráfico de drogas e por aí vai. depois vai melhorando e trazendo detalhes tanto do ponto de vista mais subjetivo (relacionados com o sucesso e o poder) como históricos, com detalhes que fugiam do meu conhecimento, como uma espécie de grande conflito (sedimentado pela imprensa) entre rappers da cosata leste e costa oeste, e que aparentemente tiveram a ver com a morte do artista. Também desconhecia o envolvimento deste artista com a morte de uma espécie de ícone do cenário negro norte-americano dos anos 90, o ator Tupac Shakur. É um filme que conta bem a estória e informa, principalmente para aqueles mais antenados com o rap. Vale a pena, sem falar na beleza da Angela Basset (única que conhecia) no papel da mãe do artista e mais as estonteantes Naturi Naughton (Lil Kim) e Antonique Smith ( Faith Evans).

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

INFORMERS

O filme "Informers- geração perdida" de 2008 é baseado em um livro do escritor americano Bret Easton Ellis (colaborou no roteiro), dirigido pelo australiano Gregor Jordan, e com uma pá de astros do porte da Kim Bassinger (acho sempre fantástica), do Mickey Rourke, Billy Bob Thornton e Winona Ryder ( todos bem na fita) e mais uns atores e atrizes novos que compõe bem o quadro que se tenta mostrar e com bom resultado. Aliás esta imagem ao lado retrata bem - pessoas vazias, frias, meio que chapadas, sem alegria, sem vida. São estorinhas que meio que se interligam ou não, mas o importante, o fio condutor, é um retrato gelado de uma costa-oeste ( interessante as cenas de praia, sem vigor e colorido) meio que amoral (há muita gente que acusa o escritor de moralista). Particularmente achei o resultado interessante, embora o trabalho do autor que deu origem ao filme " O Psicopata Americano" seja ao meu ver, pelo filme ( uma vez que não li os livros ) melhor. Mas é um bom filme. Apenas a estroinho do Mickey Rourke, do sequestro do garoto, achei deslocada ou não entendi, as demais tem tudo a ver.....

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O GRUPO BAADER-MEINHOFF

O filme de Uli Eldel tem um defeito grave- é um filme longo, aspecto que afasta ainda mais aqueles que tem uma certa rejeição a filmes políticos. Mas, tirando este defeito, é um bom filme, que cumpre bem o seu papel de descrever um cenário político em que questões importantes são tratadas e que tem inclusive relação com período correlato no Brasil, ou seja, o debate entre a ação ( que como o filme bem mostra produz resultado, mas muitas das vezes padece de planejamento, coerência e as vezes é construída em cima de mitos) e uma certa acomodação da esquerda, que parece naquele momento (a partir da segunda metade dos 60) incapaz de dar conta do momento político. Martina Gedeck, que eu já tinha visto em um bom papel no filme " A vida dos outros" faz bem a jornalista Ulrich Meinhoff, e o Moritz Bleibtrau, que também já tinha visto em "a experiência" e com um bom papel secundário em " o acompanhante" faz um excelente Andreas Baader. Além da "oposição" entre teoria e ação, ( a jornalista transparece racionalidade enquanto o Baader transparece a pulsão por vezes até irraciional) há outros detalhes interessantes trazidos pelo filme, mas da metade para o final ele vai ficando chato e acaba por se tornar um filme mais para quem já conhece um pouco a história do grupo e do período. Para quem já conhece alguma coisa é bom, mas não é um filme que atraia novos conhecimentos. É bom, mas eu confesso que esperava coisa melhor.

sábado, 5 de dezembro de 2009

JEAN CHARLES


Depois de um Selton Mello ruim, em " a mulher invisível", um Selton Mello bom. Muito bom.Mas o filme não é só isto! É um bom filme brasileiro, de Henrique Goldman, O que mais me impressionou no filme, não foi a tão decantada saga de um brasileiro ( mais que isto, mineiro da região de Valadares) vivendo no exterior, mas a contraposição entre a vida em Gonzaga ( terra natal do mártir) e a vida em Londres. O filme é de um realismo, que chega a ser cruel ao contrapor as imagens de um e outro lugar e a personagem da Vannessa Giácomo quase sucumbiu a tentação de ficar em Gonzaga, mas a realidade (dura, mas não somente do ponto de vista econômico) se impôs e acabou indo para a Europa de novo. O filme é um primor de realismo- mostra Jean Charles sem endeusar, mostra Londres sem endeusar e mostra Gonzaga sem endeusar. Vale a pena !

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A MULHER INVISÍVEL


"A Mulher invisível" é um filme do Cláudio Torres, de 2009. O longa anterior do Claudio Torres é bem parecido ( " Redentor") ou seja, uma chanchada com uma revoada de clichês. O tema é interessante, a mulher ideal ( que não existe, a não ser na imaginação) mas o filme padece de um roteiro melhor, chega a se chato algumas vezes, tem uma péssima solução final e a encenação dos atores é em geral bastante ruim. Mesmo o Selton Mello, que reconhecidamente é um bom ator, acaba caindo na armadilha da caricatura. A Luana Piovani e a Fernanda Torres ( irmã do diretor) ainda se salvam um pouquinho, mas o Vladimir Brichta e a Maria Manoella estão bem abaixo do que podem. Há de positivo algumas cenas engraçadas ( como toda chanchada) ainda que óbvias, e acho que mais nada. Só pela importância do tema é que vale a pena ser visto. Sempre se aprende alguma coisa....

domingo, 15 de novembro de 2009

JUSTIÇA

"Justiça" é um documentário , filmado em 2004, de Maria Augusta Ramos. É óbvio que sobre este assunto, mais do que em outros, a minha opinião pessoal é muito forte, pois já trabalho há alguns anos com isto, e o filme é bem realista e retrata a justiça, uma chatice só. Lentas filmagens sobre um suposto cotidiano de juízes, promotores ( ausentes, estranhamente da filmagem) e defensores públicos. O filme é uma distorção só, pois mostra de dois juízes um, o Geraldo Prado, que não representa nem de longe o universo comum dos magistrados e muito menos a Ignez como defensora. Também, o que poderia ser uma mostra do cotidiano de presos, é claramente uma imagem manipulada e consentida. O que o filme mostra é distanciado da realidade, a não ser pela chatice, e não serve como apoio para o discurso que o filme pretende, ou seja há um hiato entre o que o filme mostra e sobre o que ele fala. Talvez o seu único valor seja propiciar um debate, mas é ruim como cinema e como documentário.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O INIMIGO DO MEU INIMIGO

" O inimigo do meu inimigo" é um documentário eletrizante e imperdível, de 2007, uma produção francesa, que preliminarmente, mostra Klaus Barbie, o chamado " açougueiro de Lyon, oficial torturador nazista, cuja especialidade era a violência e foi o responsável direto pela morte do líder da resistência francesa Jean Moulin e de várias pessoas, inclusive crianças, deportadas para campos de concentração. O documentário mostra diversas de sua vítimas e familiares de suas vítimas. Mas não pense que este é um fiome sobre os horrores do holocausto ou da ocupação alemã na França. Acaba a guerra e o torturador vive sob paga do governo dos Estados Unidos, trabalhando para o serviço secreto, montando inclusive grupos para-militares com o objetivo de impedir o crescimento dos comunistas na europa ocidental. O filme é fartamente documentado ! Apesar de procurado pela França, o torturador vive escondido e protegido pelos Estados Unidos e quando não dá mais para protegê-lo, se utilizam da chamada "Ratline" que é um esquema que utilizava o Vaticano para esconder nazistas na América do Sul, e o nazista vai para a Bolívia, onde vira empresário e participa ativamente de pelo menos dois dos muitos golpes de estado naquele país. Tudo com íntima relação com a CIA. Especialistas em treinamento militar e interrogatório contra os "terroristas" ou seja, tortura! Finalmente preso e conduzido à França no final da década de 80, veio a ser condenado à prisão perpétua e morrer na cadeia se não engano em 1991. Um filme imperdível para quem procura entender a força oculta que move o nazismo, ainda hoje!

domingo, 8 de novembro de 2009

CAFUNDÓ


Cafundó (2005) é um excelente filme do Paulo Betti, com roteiro do Clóvis Moura. O começo do filme é meio sem sentido e até chato, mas ultrapassados os primeiros dez a quinze minutos, o filme começa a ganhar corpo, as raízes e simbolos religiosos afro vão se misturando os símbolos cristãos e a religiosidade popular ganha densidade, na construção do personagem real João de Camargo, que criou uma Igreja e associação espírita em Sorocaba na primeira metade do século passado. É um rico exercício de sincretismo e brasilidade, a meu ver obrigatório. Lázaro Ramos está excelente na composição do personagem e o Exú do Flávio Barauaqui é algo fora de série. Acho que os demais atores estão alguns degraus abaixo, mas nada que prejudique muito o filme. Trata-se de umprojeto ligado à vida e a infãncia do Paulo Betti, e isto dá mais amplitude ao trabalho pelo prazer com que eve ter sido feito. Há muitos momentos bons no filme! Valeu!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

SINEDOOUE, NOVA IORQUE

Se você acha "Synedoche, New York" (2008) um título estranho, espere para ver o filme, primeiro trabalho de direção de Charlie Kaufman, o cultuado roteirista de por exemplo, "Quero ser Jonh Malkovich". O filme é totalmente "outsider" em relação aos padrões do cinema de entretenimento. Um diretor de teatro (em crise?) encena sua vida, repleta de perdas, em que muitas figuras de linguagem, muitas representações ocorrem, e acho que mesmo atento, ninguém consegue pegar nem 50% do que pretende o diretor. Phillip Seymour (é claro) em mais um daqueles papéis densos e estranhos, secundado por uma série de boas atrizes, como Samantha Morton e Diane West, por exemplo. Alguns dirão que se trata de teatro filmado, e poderíamos debater se cinema pode ser teatro filmado. O filme, para mim, além de hermético em excesso, é também longo demais, porém é um filme que faz pensar e isto já é muito nos dias de hoje.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

VERÔNICA

Verônica (2009) é um filme do diretor Maurício Farias, que também é o co-roteirista. Filho do diretor Roberto Farias, acho que ele deveria se fixar na direção, que é uma das qualidades do filme. Já o roteiro, peca demais e ainda carrega o estigma de ser muito parecido com o enredo de um filme do Jonh Cassavetes. Na estória de uma professora que abandona a sua vida para ficar com um garoto que teve os pais assassinados em briga de traficantes em comunidade do Rio, e que é perseguida por policiais courruptos e traficantes, o filme consegue ser uma boa adaptação (no contexto) de uma estória que se torna (pelo roteiro) irreal demais. Vale destacar ainda as boas atuações da Andrea Beltrão e um pouco menos, do Marco Ricca, mas o roteiro derruba o filme e quase vira um caso especial maluco. Só prá quem gosta muito do cinema nacional.

domingo, 1 de novembro de 2009

MILAGRE EM JUAZEIRO

Começamos novembro assistindo na TV Brasil ao belo documentário " Milagre em Juazeiro" (1999) do diretor Wolney Oliveira, que é daqueles documentários que procura mais informar do que manipular. O filme é entremeado por uma narrativa ficcional, baseada no milagre da "beata" Maria Araújo, que vertia o sangue de Jesus Cristo nas hóstias que lhe eram ministradas pelo Padre Cícero ( vivido é claro pelo sempre competente José Dumont). Ao mesto tempo passa pelas telas o contexto, Juazeiro do Norte, os romeiros, suas manifestações culturais, seus depoimentos "anônimos". No final, o telespectador fica conhecendo mais da estória desta figura
(Padre Cícero - falecido em 1934) que a partir dos milagres, é alijado da estrutura da Igreja, tem um papel político importante, é prefeito, deputado federal, e se torna um mito, adorado por milhares de pessoas até hoje. Uma verdadeira aula de religiosidade popular e cultura.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

FRENTE A FRENTE COM O INIMIGO

Um caso raro de filme em que a tradução que arrumaram é melhor que o título: este filme inglês de 2009, do diretor Pete Travis, o mesmo do filme "Ponto de Vista" ( um bom filme de ação) - que trata dos complicados processos de negociação na República Sul Africana, que também contribuíram para o fim do Apartheid, talvez não com a importância que mostra a tese do filme, mas sem dúvida alguma, importante. O filme é muito mais do que isto - dois bons atores, William Hurt faz (muito bem) um professor Boer e Chiwetel Ejiofor (inglês descendente de nigerianos) faz o líder Thabo Mbeki do CNA, e o filme mostra que o jogo não terminou com estas negociações bancadas por uma empresa, mas mostra muito mais o que é ficar frente a frente com o inimigo, e ainda mostra aspectos da subjetividade de cada um e as diferentes matizes e estratégias de um grande partido político como CNA. É um bom filme, muito competente, com excelentes tomadas de câmara, o que parece ser um diferencial do diretor. Bons atores fazem papéis secundários na trama, como Nelson Mandela ( vivido pelo esperiente ator norte-americano Clarke Peters) e o ator britânico de Tv Mark Strong que faz muito bem o chefe de informações do governo Sul Africano. Fica um bom filme tanto para quem gosta de política, como para quem gosta de bons filmes de ação, suspense, provando mais uma vez que é possível fazer entretenimento com informação e qualidade. O diretor promete !

terça-feira, 20 de outubro de 2009

SONS DE CUBA

"The sons of cuba" (2004) é um trocadilho que deu certo na tradução. O filme, uma espécie de continuação do " Buena Vista Social Club" é uma produção do Win Wenders, que inteligentemente fez um filme sobre a formação e o show de uma banda, reunindo integrantes da geração tradicional, Pio Leiva , o protagonista, e vários músicos de tendências diversas da "nova geração", desde cantores de bolero, até uma cantira de rap, passando por uma sala de ritmos. O filme é excelente, é claro, e conta com uma fotografia de extasiar, narrando a beleza de paisagens e o cotidiano bastante pobre, alegre e despojado. Acaba sendo um filme não apenas sobre a música cubana, mas sobre o país e não é a toa que são orgulhosamente os filhos de Cuba. É especialmente bom para quem gosta de música, e para nós brasileiros, que certamente nos reconhecemos flagrantemente nestes irmãos próximos. Valeu Win Wenders !

domingo, 18 de outubro de 2009

PRAZERES PROIBIDOS

" Prazeres proibidos" (On The Doll-2007) é um filme do diretor Thomas Mignone, que é um cara que produziu videoclips de bandas como o Mettalica. Confesso que não vi os videoclips, pois não é muito a minha praia, mas pelo menos é uma origem diferente dos muitos diretores que tem vindo para o cinema, direto dos seriados de Tv norte-americanos. Nem assim a coisa melhora muito. Trata-se de um produto standartizado do cinema moderno- três estórias diferentes com personagens que se cruzam no final, costurando uma idéia, que no caso do filme, parece ser algo relacionado com a mensagem que o autor produz ao encontrar o personagem principal um pássaro morto. Daí desenvolvem-se estórias que ligam prostituição com perversões sexuais e problemas psicanalíticos. Tem até uma cena de bala perdida flutuando pelo espaço igual já vi em filmes brasileiros ( tem um curta metragem ótimo chamado bala perdida, ou coisa parecida, eu acho), além da já célebre rotação de filmagem com a marca Fernando Meirelles e Cidade de Deus. Achei as prostitutas das três estórias saídas de um conto de fadas, com um alto grau de irrealidade, bem como as perversidades sexuais. Não há porém a menor pornografia exposta e nem ao menos cenas de sexo. Para completar, atores desconhecidos com desempenhos medíocres. Curiosidade satisfeita, espero que diretor e atores melhorem e descubram melhores roteiros.

sábado, 17 de outubro de 2009

A VERDADEIRA ESTÓRIA DE LENA BAKER


"The Lena Baker Story" é um filme de 2008, dirigido e roteirizado por Ralph Wilcox, e estrelado por Tichina Arnold e pelo sempre bom, Peter Coyote. Trata-se da estória de uma negra que na década de 40, foi presa e condenada a morte no estado da Geórgia. Alguns comentários comparam o filme com " A cor púrpura" que vi há muito tempo e pretendo rever para comparar, mas a princípio, acho esta comparação desfavorável, pois este filme em momento algum chega a emocionar e acho que pelo roteiro, que me parece maniqueísta demais, sem nuances. Acho mesmo (está virando uma tese) que se trata de uma deformação do ambiente televisivo, no qual se formou o diretor e roteirista e a própria atriz principal. A TV traz esta forma de discurso, que por vezes parece meio limitada e " forçada". Vale a pena ver ? Sim, mas é um filme mediano e pouco emocionante que tem como ponto positivo expor a mentalidade racista da época, porém de uma forma que por vezes soa irreal.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

DO LUTO À LUTA

Assisti na TV Brasil a este excelente longa de Evaldo Morcazel (2005) que trata de um tema espinhoso, que são as relações entre a sociedade,a família e crianças e indivíduos com síndrome de Down. O envolvimento pessoal do diretor com a questão ( soube que o mesmo tem um filho nestas condições) certamente ajudou para o tratamento leve que se deu ao tema, facilitando muito a compreensão do que deve ser a integração. O filme vai para longe do melodrama e expõe com naturalidade, principalmente a enorme dificuldade enfrentada pelos pais ao lidar com a constatação da doença e como eles podem superar, assim como os próprios indivíduos portadores da síndrome o fazem. Muito interessante a estratégia de apresentar duas visões distintas em filmagens diferentes, dirigidas por dois portadores ( parte final do filme). O filme me fez digerir com mais leveza um assunto que sempre me provocou mal estar. É um documentário criativo, que vale a pena ser visto !

domingo, 11 de outubro de 2009

CINCO MINUTOS DO PARAÍSO

Aproveitando o festival do Rio, o novo ( 2009) filme de Oliver Hirschbiegel, diretor alemão do celebrado "A queda", estrelado pelos excelentes atores norte-irlandeses Liam Neeson e James Nesbitt. Trinta anos depois se reencontram o assassino com o irmão de sua vítima.É um bom filme, que fala sobre reconciliação (consigo e com o outro), arrependimento, violência e sobre outras questões correlatas. A atuação soberba dos atores é o principal do filme, sendo uma grata surpresa o James Nesbitt. com uma atuação visceral em que o corpo fala o tempo todo. O diretor parece ter uma " queda" ( trocadilho infame) por fazer de questões sociais pano de fundo para conflitos intersubjetivos, o que não deixa de ter um resultado interessante, ainda mais que parece haver uma proposta de universalizar o questionamrnto do comportamento daqueles que se associam em grupos com finalidades violentas, como fica claro no discurso do personagem do Liam Neeson em que faz referencia a muçulmanos. Trata-se talvez de um subproduto inteligente do 11 de setembro de 2001, através de um paralelo com a violência política na Europa. Vale a pena ver, sem dúvida.

sábado, 3 de outubro de 2009

USINA DE SONHOS

"Usina de Sonhos" (2008) é a tradução de "The Mysteries of Pittsburgh" um filme de Rawson Marshall Turber, baseado em um romance de Michael Chabon. Não li o livro, mas me asseguram que é fiel. Trata-se de um filme tipo " rito de passagem", ou seja, o personagem principal Art, tem que se livrar do fantasma paterno ( Nick Nolte, como sempre fazendo papel de Nick Nolte) e de uma vida que eu até achei divertida, mas o personagem não, e se apaixona por um casal de amigos que representaria uma espécie de ideal romântico da transgressão e diversão. Acho que o filme fracassa nesta composição, pois o casal vivido pela dupla Peter Sarsgaard e Siena Miller não consegue passar para o público o que teria levado o personagem principal a se apaixonar por eles, inclusive sexualmente. Não sei se a fórmula que vem sendo usada a exaustão de trazer atores e roteiristas da TV para o cinema, a maioria direto dos seriados sitcons funciona muito. Acho que este fime é um bom exmeplo de não-funciona, ficando no meio do caminho de um sessão da tarde e um filme cheio de pretensão.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

DESONRA

"Desonra" é a tradução arrumada para o filme " Disgrace" (2008) do diretor Steve Jacobs, baseado em livro do escritor sul-africano J.M. Coetze com roteiro de Ana Maria Monticelli. Não li o livro, mas é uma estória densa, que mistura questões subjetivas como o desejo e questões sociais como as relações sociais entre brancos e negros na sociedade sul-africana, com uma interessante visão branca. O diretor tem a seu favor a dificuldade de contar uma estória dessas sem cair no melodramático ou abafar a contextualziação social. Ele consegue, ajudado e muito pelo ator Jonh Malkovich, que quando acerta um papel, é extremamente competente. Também a Jessica Haines, que para mim é uma novata, trabalha muito bem no difícil papel de Lucy, a filha do professor vivido por Malkovich. O filme faz com competência esta ponte entre o subjetivo e o social, sendo que as vezes é um pouco lento e arrastado, no limiar da chatice, principalmente para nós que temos certa dificuldade em entedner uma sociedade que foi marcada por um tipo de racismo diferente do nosso, e que talvez seja, na exposição da dificuldade de inter-relações, afinal um bom filme.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

ANJOS E DEMÔNIOS

" Anjos e Demônios" (2009) é um filme do diretor Ron Howard, que se baseia em obra literária do escritor Dan Brown e que funciona como uma espécie de "continuação" do "Código Da Vinci"( gostei muito do livro, mas não tanto do filme) com o mesmo personagem chave, o professor Langdom. Não li este segundo livro, mas salta aos olhos, que se aproveita de uma fórmula eficiente de filme de mistério-ação, como sociedades secretas (aqui, Illuminatas" ao invés de "Opus Dei") oposição ciência x religião, crimes, etc....O roteiro vai bem até que próximo do final assume opções ridículas ( me refiro à explosão e cenas subsequentes) que estragam um pouco o que poderia ser é claro, um bom filme de mistério. Duas outras coisas me chamaram a atenção no filme, pois fica flagrante uma certa intenção de composição ( tipo limpar a barra) com a Igreja , após os reflexos negativos do "Código Da Vinci" e uma última observação é que o filme apresenta dois protagonistas totalmente desgastados, com uma desempenho bastante abaixo do que costumam apresentar, Tom Hawks e Ewan Mac Gregor, estão muito ruins.

sábado, 26 de setembro de 2009

NELSON GONÇALVES

Em primeiro lugar, viva a TV Brasil, que está se afirmando como alternativa ao cenário terrível das TVs abertas de mercado, verdadeiramente privadas ! O filme de 2001, do diretor Elizeu Ewald, é um misto de documentário e versão romanceada em que o casal Alexandre Borges e Julia Lemmertz faz o duo principal. Este formato de dcumentário romanceado não é o do meu agrado, mas o filme cumpre muito bem a missão de contar a estória do grande cantor, contextualizando-o no cenário em que o rádio (grande homenageado da semana) tinha um papel fundamental e dando conta muito bem de mostrar a dimensão do sucesso e da tragédia do artista, que também sofreu com o vício da cocaína. Acho que o Alexandre Borges não ajuda por incompatibilidade física e psíquica com o personagem, mas isto pouco importa, se você quer conhecer um pouco da estória de nossa cultura, vale a pena ver o filme e passar por cima das encenações.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

BUDAPESTE


BUDAPESTE é um filme de Walter Carvalho (não é a toa que a fotografia é uma das fortes qualidades do filme) baseado no romance de mesmo nome de Chico Buarque. Chico é um verdadeiro símbolo, como criatura e como criador, um grande expressor de nossa gente, nossos sentimentos e nossa luta. Pessoalmente acho este livro muito criativo, muito rico do ponto de vista da expressão formal, mas não tão "histórico" quanto o último " Leite Derramado" que para mim é o melhor deles. O filme acompanha o livro, é denso, mas um pouco hermético demais. Leonardo Medeiros está bem, mas corre o risco de ficar padronizado com atuações sempre melancólicas e a Giovanna Antonelli está muito bem em um papel com expressão menor. Vale a pena ver, porém sem a pretensão de querer entender tudo...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Um Romance de Geração


Carlos Santeiro é um escritor. Ele veio de Minas Gerais para o Rio, morar num conjugado em copacabana, com o objetivo de escrever o "romance de sua geração". Santeiro conquistou alguma notoriedade por ter escrito um livro que agradou a crítica, mas não tem escrito nada ultimamente.
Por causa dessa ausência do escritor, uma jornalista pede para entrevista-lo, Santeiro exige que seja à noite, na casa dele, ao que a jornalista concorda. A partir daí, há o embate de interesses, Santeiro querendo levar a jornalista para a cama, a jornalista querendo algumas frases de Santeiro sobre seu suposto novo livro. Santeiro começa a inventar o que seria o seu romance de geração. Regados a muita bebida, os dois vão se envolvendo, enquanto nos perdemos entre a realidade, a história que Santeiro inventa, a história contada pelos personagens dentro do "Romance de Geração" e a própria trama do filme.
O Filme fala sobre arte conceitual e sobre a meta-linguagem, criando um universo preso no espaço claustrofóbico de um conjugado, usando de vários recursos interesantes:
o uso de 3 atrizes para interpretar o papel da jornalista;
Em alguns momentos aparecem palavras e frases que dão indicações sobre a trama, meio como se o filme fosse um roteiro, como em uns momentos que aparece escrito na tela "Sons de Copacabana" ao invés dos próprios sons serem ouvidos;
Em alguns momentos aparecem cenas do ensaio do filme, onde os atores interpetam a si mesmos, com a participação do diretor e do próprio autor do livro;
Temos também entrevistas com os atores, comentando a história;
Podemos notar durante o filme, o set de filmagens, toda a estrutura por trás da obra.

O filme é uma aula sobre cinema e sobre literatura, além de ter um humor leve e carregar discussões interessantes sobre a arte, a impotência humana, a geração de 70 e de 64, a vida de fingidor do autor, etc. Recomendo muito.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

ROTA COMANDO

O filme "Rota Comando" (2009) dirigido por Elias Junior, é um subproduto da trilha fascista gerada por " Tropa de Elite" em que a violência pode estar associada ao lado do Bem e ser justificada. É um filme baseado no livro"matar ou morrer" de Conte Lopes, que já foi suboficial da tropa ( Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) e se elegeu deputado estadual em SP. O filme segue ainda em outros pontos a caminhada do Tropa de Elite e é hoje o mais vendido na camelotagem em São Paulo. Ao contrário de " Tropa de Elite" o filme não apresenta a ROTA como polícia honesta em contraposição a uma polícia corrupta , a não ser em um pequeno diálogo. É simplesmente " Polícia x Bandido ", o " Bem contra o Mal" em muitas cenas de ação ( que neste filme sempre começa com uma " caçada" envolvendo as viaturas e quase sempre termina com alguém morrendo ou sendo ferido, mas sempre socorrido) e com vários elementos também presentes em "tropa" como conflitos subjetivos de consciência e o dia-a dia de rituais e treinamentos fascistas que moldam a personalidade e o agir. O que salta aos olhos, muitos cadáveres e feridos depois é que a sensação de insegurança jamais termina, pois é ela que justifica o fascismo. Vender a idéia do "mundo-cão" serve ao propósito dos que vivem para nos defender. Para finalizar, a trilha sonora e música tema é de Paulo Ricardo (RPM) e Andreas Kiesser e compõe bem este quadro lamentável. É como diz um daqueles programas de TV que vende este " mundo-cão", capitaneado pelo Pedetista Wagner Montes: ESCRACHA!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

SALVADOR

"Salvador" é um filme espanhol de 2006, do diretor Manuel Huega, que narra a estória do militante Salvador Puig Antich, que integra um grupo de guerrilha urbana na Espanha na década de 70, tendo sido preso e condenado à morte em 1974. O filme traz dois atores inspirados, Daniel Bruhl (de "Adeus Lenin" e "Edukators", que pasmem é Catalão de nascimento, vivendo o militante e Tristan Ulloa como seu advogado. O filme tem algo de " Em nome do Pai" (sobre o IRA com o Daniel Day Lewis) e certamente deve ser visto por quem gosta de política, pois ajuda a refletir um pouco sobre as ações destes grupos armados na europa, na década de 70, nestes tempos de " Bader Meinhoff" que ainda não assisti e do pedido de extradição de Cesare Battistini. O filme é muito bom até a metade e depois se arrasta um pouco, sem chegar a ser chato, como se stivesse narrando a lenta agonia do cara até morte. É impressionante o meio pelo qual a ditadura franquista executava a pena de morte em 1974 ! Mas aí a gente lembra da inquisição logo alí atrás....

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

SWIMMING POOL- À BEIRA DA PISCINA

Na agradável companhia da Mariana, na sala de cinema do "Espaço Cinema Nosso" na lapa, sessão do "Compulcine" (www.compulcine.blogspot.com) de um ciclo dedicado ao cinema e a literatura. O filme é de 2003, do diretor francês François Ozon, e traz a fabulosa Charlote Rampling na madureza dos cinquenta e muitos anos, fazendo o papel de uma escritora inglesa de romances policiais que é obrigada a se confrontar com a companhia da filha do seu editor em uma casa com a tal piscina na França. O filme coloca a já tradicional oposição entre a ficção e a realidade de uma forma criativa, em que o "mundanismo" da personagem da atriz Ludivine Signer ( também muito bem) impulsiona a ficção da escritora em um jogo de envolvimento. Em poucos momentos, o filme (quee tem poucas palavras e muitas imagens interessantes, principalmente as envolvendo o corpo físico das duas atrizes) fica um pouco lento, e para não falar mal de alguma coisa, o final é previsível e lugar-comum, mas o filme é bom e foi legal conhecer duas iniciativas que impulsionam a atividade cinema fora do mercadão. Tamos Juntos!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O EFEITO DA FÚRIA

"O efeito da fúria" é a tradução ruim de "Winged Cratures" ou " Fragments" um filme de 2008, do diretor Rowan Woods. A idéia é bastante interessante, ou seja, analisar o comportamento de quatro vítimas de um destes assasssinos malucos que invadem um restaurante e saem matando, destas coisas que caracterizam também a sociedade norte-americana. O problema é que entre a idéia e a execução da idéia alguma coisa se perde. O roteiro é confuso, e como todo filme psicológico, por vezes é bastante chato e sem muito sentido. Tem todos os ingredientes modernos como Flash Backs, vidas entrelaçadas e atuações boas dos atores adolescentes, Dakota Fanning (muito boa) e Josh Hutcherson (bem) além do já manjado Forrest Whitaker também em um bom papel. Mas o resultado fica devendo, muitas coisas soam sem sentido e sobra aquela sensação de que faltou alguma coisa no filme e o meu palpite é um roteiro melhor.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O ILUSIONISTA

(The Ilusionist-2006) é um bom filme do diretor e co-roteirista Neil Burger, que explora muito bem uma estória que mistura romance e mistério, com um roteiro bem feito e o excelente desempenho do Edward Norton e do Paul Giamatti. Quanto ao primeiro (o ilusionista Eisenheim) novidade alguma, o cara é bom demais com um trabalho que explora muito bem sua expressão facial. Quanto ao segundo, é figurinha meio batida em papéis secundários na Tv e no cinema de entretenimento, e trabalha muito bem, normalmente faz papéis mais para o cômico, mas desta vez acerta a veia também com boas expressões faciais. Despido de qualquer pretensão a não ser contar de forma honesta e bem realizada uma boa estória e com bons atores, o filme é um bom entretenimento. Se quiser ver o Paul Giamatti em um filme meio sessão da tarde, mas divertido, pegue "Sideways" de 2004.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

DIVÃ


Divã (2009) é um filme de José Alvarenga Jr. É um filme que distraí,bem ao estilo cinema brasileiro de hoje em dia com algumas pitadas de humor, embora bastante previsível. Os atores masculinosa fazem papéis com as suas caras, o que torna qualquer tentativa de qualifica-los inútil. José Mayer como José Mayer, Reinaldo Gianechini como o próprio e Cauã Raymond idem, todos personagens de si mesmos. A Lília Cabral de quem não gosto muito, compõe bem o papel de mulher acima dos 40 em crise e Alexandra Richter tambem faz bem o papel de amiga. É um filme que você pode ver quando não tiver mais nada prá fazer, que mal não vai te fazer, embora seja de uma previsibilidade cotidiana acachapante.

domingo, 23 de agosto de 2009

MARIE E BRUCE

Achei a história que este filme de 2004 se propõe a contar interessante, e como gosto bastante da Juliane Moore resolvi arriscar e me dei mal. Eu devia ter desconfiado por conta do Mathew Broderick! O filme é muito ruim, muito chato, mais chato do que o personagem do Mathew, que a Juliane passa o filme todo ( um dia na vida de um casal em crise) detestando e odiando tudo e dizendo que vai sair de casa, para depois se acomodar com o que parece realmente detestável (eu não aguentaria mesmo) e incrivelmente acabar tudo em Pizza. O filme confunde surrealismo com sonhos sem sentido e fica muito difícil ( talvez esta tenha sido a pretensão) entender a mensagem ou o discurso do diretor. Não perca seu tempo e nem se deixe enganar. Se você gosta da Juliane Moore vá ver o Ensaio sobre a Cegueira.

BELA NOITE PARA VOAR

O grande problema deste filme do Zelito Viana, é uma certa maldição global, que acaba dando ares de novela ou mini-série ao filme, que tem uma dupla missão, encenar um romance misturado com um pouco de história do Brasil. em um dia Os atores são bons, mas suas imagens estão um pouco desgastadas pela exposição televisiva e eles acabam incorporando um pouco o padrão global o que destoa um pouco, e observei isto até mesmo em relação ao Marcos Palmeira que me pareceu deslocado no papel de Lacerda. De qualquer jeito é um filme que merece ser visto, distrai e não faz mal algum. O recurso de usar cenas em preto e branco para parecer um documentário é bom, mas a filmagem, as cores, e até os cenários depõe um pouco contra a idéia da época. De qualquer jeito, vale conferir o bom desempenho do José de Abreu e quando não por outro motivo a beleza da Mariana Ximenes.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

NOME PRÓPRIO

" Nome Próprio" ( 2007) é um filme corajoso e criativo , dirigido pelo Murilo Salles, e fantasticamente estrelado pela Leandra Leal (UAU). É de uma geração cuja pós-modernidade me torna quase que um alienígena, mas é um pouco a vida de meus filhos, talvez menos perdidos que a "Camila", mas com muitos paralelismos e pontos e em comum. Onipotente no filme o computador reina como instrumento poderoso de contato com o mundo, preenchendo os espaços do vazio, da ausência de projetos coletivos, de compartilhamentos e companheirismos, de sexo frio...Ainda é soberano o velho sonho romântico do princípe encantado, a procura de um sentido....mas a novidade e grande sacação do filme é que trata-se de um personagem de ficção, que pode ser re-escrito, encontrado e perdido. Um filme propositadamente sem música, sem cores, sem alegria, um grande filme sobre uma vida que se expressa e se expõe no espaço virtual, um simulacro, uma poesia marginal que deixou de cair na estrada e passou a cair na rede. Uma referencia !

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

RUDO E CURSI

Este filme de 2008, é um filme mexicano, dirigido pelo roteirista Carlos Cuaron, e co-produzido pelos atuais grandes cineastas mexicanos Guilhermo Del Toro e Alejandro Iniarruti (acho que é assim). É uma película estrelada pelo também grande ator Gael Garcia Bernal (que está muito bem no filme) e que fala sobre futebol, em uma perspectiva meio que filosófica, e sobre dois irmãos que estão sempre ( até que ambos perdem) disputando. Tem bons momentos, mas também muitos clichês. Para nós, hermanos ( ainda que de costas) e com este assunto, se torna um filme bastante assistível, mas sem grandes arroubos. O filme distraí e mesmo com a sensação de que já vimos coisas melhores, não dá para descartar.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

CHE

O Filme de Steven Soderbergh para mim deixa a desejar um bocado, embora tenha algumas qualidades. O Benício Del Toro que é um grande ator, está diante de um grande personagem e poderia ter um grande desempenho, mas parece ter sofrido uma pane e na verdade seu desempenho é tímido e nada contribui para elevar o grau de qualidade do filme. Para os fãs brasileiros é bom observar que o Rodrigo Santoro no papel do atual presidente Raul Castro, pouco aparece. O filme tem algum atrativo para quem gosta da história, mas tem problemas de filmagem ( cenários pouco convincentes) e um roteiro meio indefinido. Acompanhando uma tendência meio batida, o filme traz trechos em preto e branco simulando algo mais realista em torno do discurso proferido pelo personagem na ONU e fica mais nas questões ligadas à disciplina necessária a um processo revolucionário e de leve mostra o fortalecimento dos revolucionários após acordos e unificações com as demais forças políticas que enfrentavam a ditadura Batista. O filme ainda tem uma espécie de entrevista que deixa claro a intenção de mostrar o discurso do personagem, mas com isto sacrifica bastante o aspecto cinematográfico. Fica do filme a louvável disposição de enfrentar o "cinemão", mas é preciso pensar mais em qualidade.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

FILHAS DO VENTO


Há mais ou menos cinco anos, o longa-metragem “Filhas do Vento” de Joel Zito Araujo, arrebatava seis “kikitos” no Festival de Gramado, em meio a uma polêmica, na qual os premiados (melhor diretor- Joel Zito Araujo, melhor ator- Milton Gonçalves, melhores atrizes -Lea Garcia e Ruth de Souza, melhores atrizes coadjuvantes- Thalma de Freitas e Thais Araujo e melhor ator coadjuvante- Rocco Pitanga) devolveram seus prêmios em resposta a declarações do presidente do Júri, crítico de cinema Rubens Ewald Filho, que em resumo, parecia indicar que a premiação fora uma concessão política.

Mal entendidos e nomes à parte, o presidente do Júri cometeu pelo menos uma leitura crítica errada do filme, deixando de enxergar o que as filhas e filhos do vento não se cansam de tentar fazer, com alegrias e tristezas, com decepções e conquistas, com idas e vindas, no filme, que é mexer no estabelecido, tirar as pessoas de seus lugares, em resumo: um filme do movimento, sem dúvida! Quando “Dom Corleone-Zé das Bicicletas-Milton Gonçalves” morre no jardim da casa, abre um novo ciclo, onde até a volta se incorpora ao movimento, sem que a reconciliação signifique abdicar, e abre-se a perspectiva de novos rumos.

Neste sentido, aceitar o lugar, a concessão, significaria mesmo abrir mão do movimento, desta força do vento que impele andar e sair da redoma onde querem sempre nos manter, ainda que prá nos proteger ou supostamente valorizar. Reconhecer o movimento ainda quando tudo parece parado (e não está!) e ainda quando dele não tenhamos controle algum (Viva a roda-viva!) é talvez a maior tarefa de uma crítica mais ampla, que ultrapasse a aparência e destaque o sentimento da interpretação de tão bons atores.

O Festival de Gramado como um todo, deve se deixar levar pelo vento, e ter o orgulho de ser por já algum tempo, parte deste movimento de um rico cinema, cuja qualidade emerge de sua cada vez maior amplitude e diversidade, ocupando cada vez mais lugares, indo e vindo. O filme é sensacional pelo desempenho de seus atores a atrizes, muitos e maravilhosos !


quarta-feira, 15 de julho de 2009

FROST-NIXON

Este não é o primeiro filme que assisti sobre Nixon ! Tem um outro do Robert Altman que é muito bom ! Mas este também é soberbo ! Não é um filme sobre Watergate, e nem precisa ser muito conhecedor da história dos EUA e nem de política. É claro que é bom saber de tudo, mas trata-se de um filme carregado de aspoectos subjetivos e sociais, cujo trabalho dos atores, em especial do Frank Langela, diz quase tudo. Um ator que sempre me impressiona muito é o Kevin Bacon, que aqui faz um assessor tipo militar do Nixon, sempre com a mesma correção e profssionalismo que faz tipos desviantes e quase todo tipo de papel sofrido. O filme tem humor (tem uma piada sobre espiões cubanos que quase me matou de rir) e muita filosofia. Vale dar uma olhada, sem susto !

segunda-feira, 13 de julho de 2009

ACROSS THE UNIVERSE

"Across the Universe" (2007) é um filme musical com uma proposta no mínimo interessante- personagens criados a partir de letras dos Beatles, tentam compor um quadro, ou um retrato do que seria o mundo vivido por estes rapazes. A direção é de Julie Taymor que vem de sólida carreira em meio a óperas, mas o filme tem dois pecados graves - um o roteiro, que acentua o lado mais bobo e romântico no mau sentido da palavra e o outro os atores(?) que não passam credibilidade aos personagens, transformando o mundo dos "beatles" em algo próximo a um civil de nerds modernos, o que achamos não corresponder totalmente à realidade. Não deixa de ser uma experiência interessante, mas o filme carece de um pouco mais de história. Talvez se o roteiro fosse melhor, não teria tanta importância as deficiências de interpretação daEvan Rachel Wood e do Jim Sturgess.

sábado, 11 de julho de 2009

DREAMGIRLS


Recentemente assisti a " Cadillac Records" e animado por uma polêmica com meu filho, assisti a este "musical" que ainda não havia visto e ouvido. Para ele, este filme musical é melhor que o outro, mas eu ainda tenho minhas dúvidas. São dois bons filmes, " Cadillac Records" é mais preocupado com a fidelidade histórica, e trata mais de Blues e Rock, enquanto " Dreamgirls" (2006) é um musical, dirigido por Bill Condom ( que havia sido roteirista de Chicago) e estrelado pela Beyoncé, Jammie Fox , Eddie Murphy e o sempre excelente Danny Glover. O filme é mais romanceado e trata é óbvio da Diana Ross, e da gravadora Motown, com direito a Jackson Five e tudo mais. O filme trata bem da pasteurização da Soul Music e do R & Blues e tem duas cenas fabulosas, uma com o Eddie Murphy ( o Show em Miami ) e outra , uma fantástica apresentação musical da Jenniffer Hudson ( descoberta pelo programa Ídolos) quando é abandonada pelo pesonagem do Jammie Foxxn ( não foi à toa que ela ganhou o oscar de atriz coadjuvante pelo desempenho). Na dúvida assista aos dois e tire suas próprias conclusões.

OPERAÇÃO VALQUIRIA

O filme "Operação Valquiria" ( Valkirie- 2008) tem enormes atrativos: Tom Cruise ( para quem gosta) atuando (?) e Brian Singer na direção ( aclamado diretor que começou muito bem em "os suspeitos" e depois acabou em "X-men"). Um elenco de apoio também de primeira, com destaque para Kenneth Branagh, Tom Wilkinson, entre outros, e uma estória sempre interessante: contar uma das tentativas de asssassinar Hitler e mais que isto, dar um golpe e tomar o poder na Alemanha já no fim da segunda guerra mundial. Uma das propagadas carcaterísticas do filme, foi a escolha dos atores que obedeceu a um critério de semelhança física, inclusive do próprio personagem principal Coronel ( e conde ) Stauffenberg. Mas o filme é ruim. Não vou nem martelar no Tom Cruise, que continua fazendo sempre o papel dele mesmo e estraga bastante o resultado neste caso, já que ele nem tem o menor perfil de oficial alemão, mas o próprio roteiro é bastante confuso e não ajuda nada a quem ( como a grande maioria ) nada conhece desta história. A direção, não salva e naufraga junto. Muito dinheiro jogado fora.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

MILK


"Milk"(2008) não é um grande filme. Apenas bom. O roteiro se perde um pouco na dificuldade em fazer um documento e uma estória, com graves prejuízos para a segunda, ou seja, o caráter ficcional fica muito prejudicado, mas vale a pena pelo caráter de retratar um momento e um movimento. Não é fácil e o diretor Gus Van Sant ainda não pegou a mão eu acho. Assisti o filme dele sobre o Kurt Cobain ( Last Days-2005) e não gostei. O diferencial em "Milk" é mesmo o Sean Penn, que está fabuloso e não foi sem motivo que faturou o Oscar de melhor ator. Há muitas cenas fantásticas e um desempenho muito especial do ator. Uma questão muito interessante é a oposição entre a necessidade política de exposição e o desejo e a necesssidade de privacidade. É claro que vale a pena ver, não é sempre que podemos ver bons filmes e corajosos, além de um excepcional trabalho de ator.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

GRAN TORINO

"Gran Torino" (2008) é um filme dirigido e estrelado pelo Clint Eastwood. Não sei ainda se ele é melhor ator ou diretor, e este filme não ajuda muito a solucionar o problema, pois ele é muito bom atuando e dirigindo. Há algo muito interessante na sua maneira de atuar, que é uma espécie de humor, de sarcasmo associado a uma imagem séria e austera, além do que, este filme tem algo adicional que á atualidade do tema, fazendo par com "Onde os fracos não tem vez"e outros menos dotados em retratar uma face oculta dos Estados Unidos, sem muitas glórias. Não é do nível de "Os Imperdoáveis" até hoje inigualável, mas é um bom filme, cujo final me decepcionou um pouco, mas fazer o que....

sexta-feira, 3 de julho de 2009

FOI APENAS UM SONHO

Se o seu link para Leonardo Di Caprio e Kate Winslet é "Titanic", esqueça, pois os atores novamente juntos neste muito bom filme "Foi Apenas um Sonho" ( Revolutionary Road-2008) mostram o quanto são realmente bons atores, abrilhantando em muito uma estória em que o cineasta inglês Sam Mendes ( também marido da Kate Winslet) de "Beleza Americana" expõe mais uma vez uma visão inteligente e profunda, porém sem o sarcasmo do filme anterior, agora sobre a oposição entre a realidade e o desejo e principalmente como esta oposição se colocava para as mulheres ( mas também para os homens)da década de 50. Talvez só um inglês para falar novamente tão bem de uma realidade que desta vez não é tão característicamente norte-americana. Há muitas cenas brilhantes em que os dois atores conseguem passar muita emoção, mas como filme é mais dirigido para a alma e o corpo feminino, acho que a Kate Winslet está mesmo fenomenal. Gostei muito!

domingo, 28 de junho de 2009

CADILLAC RECORDS

Com o pretexto de contar um pouco da estória da gravadora Chess Records, o filme acaba por fazer um pouco a estória do Rock'n Roll, centrada em personagens especiais como Muddy Waters, Hollin Wolf, Little Walter, Chuck Berry e Etta James, além é claro do empresário Leonard Chess ( vivido muito bem pelo Adrian Brody de "O pianista". A narrativa é muito boa, reunindo questões pessoais como os conflitos que eles viviam em suas vidas e o contexto social de racialização, passando desde Alain Lomax e as gravações de Muddy Waters ainda na zona rural, até a invasão britãnica com os Rolling Stones, passando pelos DJs que deram sustentação aos Race records e depois ao Rock, sem deixar de mencionar a tentativa de branqueamento. Uma estória sem heróis desde o começo, mas que retrata o surgimento de algo que representa muito, e o filme trata disto, na abertura das mentes e principalmente no processo de integração racial. A trilha sonora, é claro, é soberba. A direção e o roteiro da talentosa Darnell Martin, e ainda tem o aperitivo da Beyoncé fazendo o papel da Etta james, e cantando, como sempre muito bem ( melhor do que atuando). Não deixe portanto de ver!

sábado, 27 de junho de 2009

VENTOS DA LIBERDADE


"Ventos da liberdade" ( The Wind that Shakes the Barley"- 2006) é um épico dirigido por Ken Loach, e que certamente interessará muito a quem gosta de política, história e de um bom cinema. O filme conta um pouco a história da independencia da Irlanda, e ajuda a entender um pouco a complicada situação política que ainda persiste naquelas Ilhas, e que em muitos sentidos desafia até mesmo a ótica marxista apresentando componentes que fogem bastante da mera questão econômica e envolvem aspectos ligados a sentimentos humanos tais como o orgulho e uma certa ética de coletividade que o filme ajuda a mostrar. Há muita filmografia sobre a Irlanda, o IRA e os heróis da libertação e da luta contra o imperalismo, ( afinal grande parte dos antecedentes dos EUA remontam a esta cultura particular) mas nenhum com a ótica aguda e privilegiada do fantástico diretor. O desempenho do ator principal, o Irlandes Cillian Murphy ajuda bastante a compor as intrincadas relações entre o subjetivo e o objetivo.

domingo, 21 de junho de 2009

PARANOIA AMERICANA

"Paranóia Americana" ( Civic Duty-2006) não é um filme ruim. Os atores poderiam ser melhores e o roteiro também, mas não chegam a ser ruins. O que mais gostei foi da direção, que consegue dar um bom ritmo ao filme, com criativos planos e filmagens. Quando peguei para ver, fiz com certa má vontade, pois achei a estória parecida com o filme " Land of Plenty" de 2004, do Win Wenders, que dá conta de forma criativa desta "paranóia" pós setembro de 2001, nos Estados Unidos. O roteiro tem problemas, na construção de pelo menos uma cena inverossímil ( quando o personagem principal entra na casa do suspeito, que teria deixado a porta aberta) além da parte final do filme, que a meu ver deixa a desejar, mas o esforço dos atores e a direção suparem umpouco estes problemas e até constroem um filme de ação interessante.O ator Peter Krause, egreso da TV se esforça bem, e além dele, o agente ( Richard Schiff) e o suspeito ( Kaled Abol Naga - ator egípcio) fazem boa performance, porém o melhor é anotar o diretor Jeff Renfroe, que ao que parece pode construir uma bela carreira.