quarta-feira, 29 de abril de 2009

VER-TE-EI NO INFERNO


" Ver-te-ei no inferno"(The Molly Maguires) é um clássico de 1970 do diretor Martin Ritt, uma vítima do Machartismo norte-americano do pós-guerra, falecido em 1990, que traz Sean Connery, Richard Harris e Samantha Eggar em boas atuações, e que tem duas funções brilhantes: Conta uma estória sobre traição,culpa, solidariedade, moral e luta política e mostra a realidade dos mineiros na Pensilvânia no final do século XIX. O filme traz um realismo pouco característico do cinema de entretenimento dos Estados Unidos e talvez por isto mesmo seu diretor tenha sido acusado de "atividades anti-americanas". O Diálogo final entre Sean Connery e Richard Harris é o melhor momento do bom filme, que também traz a novidade de mostrar um pouco da realidade das camadas trabalhadoras e dos imigrantes irlandeses. Achei particularmente interessante o modo particular de como eles continuam sendo católicos, ainda que de uma forma digamos " explosiva". O desempenho do veterano ator Philip Borneuf como o Padre ajuda muito.Vale a pena dar uma boa olhada no filme. Fiquei até com vontade de rever "Norma Rae" que é um Martin Ritt mais da minha época e um outro Stanley e Iris, com o Robert De Niro que acho que não vi.

domingo, 26 de abril de 2009

GOMORRA

Não é nada fácil fazer um filme-denúncia, como este. Baseado no livro de mesmo nome de Roberto Saviano, que transformou seu autor em um perseguido pela máfia napolitana, a Camorra. O filme foi comparado a “Cidade de Deus” o que é um pecado, pois há muita diferença de qualidade entre eles, e Cidade de Deus é bem melhor. Gomorra é realista, mas fica meio desconexo, não conseguindo o diretor Matteo Garrone fazer bem a ligação entre o mundo do tráfico e suas quadrilhas e o mundo dos contratos de resíduos. Falta também algo entre as gerações dos Dons e seus descendentes. O realismo do filme não produz muitos efeitos para nós aqui do Brasil, acostumados que estamos com tráfico de drogas, quadrilhas e contratos lesivos à saúde da população, mas mostra uma realidade indesejável, especialmente em termos de União Européia. Vale a pena dar uma olhada, mas sem grandes esperanças. É um filme apenas razoável, e o livro deve ser bem melhor!



sábado, 25 de abril de 2009

VITIMAS DE UMA PAIXÃO


" Vítimas de uma Paixão" (Sea Of Love) é um excelente "policial" do ano de 1989, dirigido por Harold Becker, e no qual o fabuloso Al Pacino cria o detetive Frank Keller e é muito bem secundado por Jonh Goodman e pela sensual Ellen Birkin. Hoje em dia quando temos um "policial" com um bom roteiro já ficamos felizes. Este filme é da época em que éramos um pouco mais exigentes e além de um bom roteiro ainda nos dávamos ao luxo de exigir alguma reflexão sobre algum assunto, como por exemplo " Um dia de cão" e este fime, que fala muito sobre a solidão e a paixão. É muito bom, e ainda tem o impágavel encontro com os Knicks no começo, com direito a uma ponta do inicial Samuel L. Jackson. De vez em quando é bom um mergulho no passado!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O AMANTE

"O Amante" é uma produção do diretor britanico Richard Eyre de 2008, intitulado no original como " The Other Man". O título não é sem propósito, mas cuidado que há outros filmes muito melhores com o mesmo título em português. Se puder não perca tempo com este, e desta vez não é pelo Antonio Banderas. Nem ele nem o Liam Neeson tem culpa de um roteiro fraco, do qual é culpado o próprio diretor, que recentemente fez o ótimo "Notas sobre um Escandalo", mas que neste filme conseguiu fazer personagens e estória sem pé nem cabeça, em que nenhum dos personagens ( e não os atores) consegue ter alguma plausibilidade em suas condutas e o filme além de ser fraco como entretenimento não faz nenhuma discussão ou reflexão sobre a verdade, a mentira, a traição, e para falar a verdade sobre nada. Totalmente dispensável e cuidado com o trailer- não se deixe enganar como eu.

domingo, 19 de abril de 2009

TERRA VERMELHA

Em homenagem ao dia de hoje, solenemente esquecido pela grande mídia e sociedade em geral, como o próprio índio, assisti " Terra Vermelha" uma produção ítalo-brasileira de 2007, do diretor Marco Bechis com roteiro do próprio e mais de Luis Bolognesi, brasileiro, marido da cineasta Lais Bodanski e roteirista do elogiado "Bicho de Sete Cabeças" e "Chega de saudades". O título original em italiano seria talvez melhor traduzido por " A Terra dos homens vermelhos", mas em Inglês é pior: " Birdwatchers". O filme tem algo de muito bom: desde o começo fica claro que não se trata de uma visão romântica e nem estereotipada. Penso que eleger um dia para comemorar o índio é meio que reconhecer o enorme genocídio físico e cultural que fizemos, e quando o dia cai no esquecimento é meio que reconhecer o sucesso desta "solução final". Durante anos nossas escolas fizeram nossas cabeças criando uma imagem de índio estigmatizado e folclorizado e com isto não conseguimos nos reconhecer como índios. O filme mostra entre outras coisas, que continuamos matando o índio dentro de nós e o que é pior, fisicamente também. O filme mostra as desventuras de uma comunidade Guarani-Kaniwoá tentando uma retomada de terras próximo a Dourados no Mato Grosso do Sul. A (im)possibilidade desta retomada, especialmente do ponto de vista cultural ( tipo- não há mais possibilidade de viver de caça e pesca) poderia ser uma razão para os suicídios, mas o filme traz componentes metafísicos e religiososque complicam um pouco esta questão. Um bom entretenimento e meio de reflexão, para nós que somos índios, embora longes daquela imagem estigmatizada e folclorizada que se "comemora" em 19 de abril.

sábado, 18 de abril de 2009

FALE COMIGO

Fale Comigo (Talk to Me) é um filme de 2007, da diretora e atriz Kasi Lemmons, que aborda a vida do radialista negro Ralph (Petey) Greene, que teve papel importante na rádio de Washington DC na década de 60 em meio aos problemas raciais ocorridos e que inclusive geraram o assassinato de Martin Luther King. O filme é bom, os atores estão muito bem. Don Cheadle, muito bom, embora ainda pague o preço da excessiva exposição humorística no Saturday Night Live. O ator inglês Chiwetel Ejiofor que já me chamara a atenção em "Coisas Belas e Sujas"( consegue conter bem as emoções na face) aparece muito bem e a atriz Taraji P. Henson que é especializada em TV faz muito bem seu papel que é difícil e beira sempre o precipício da caricatura. O filme tem bons momentos e emociona em outros. Vale a pena dar uma olhada boa ! É lógico que também tem uma boa trilha sonora!

sábado, 11 de abril de 2009

MUNIQUE

"Munique" é um filme do Steven Spielberg de 2005. Como todo filme do Spielberg é uma produção bem cuidada, bem dirigida, que se presta a contar uma estória de forma a defender uma idéia do diretor. A partir do atentado contra a delegação de Israel nos jogos olímpicos de 1972, o diretor conta a estória de uma equipe especial de espiões-assassinos encarregados de matar os supostos líderes-participantes do atentado pelo mundo. O filme é prejudicado por um roteiro ruim, em que os serviços secretos são desmoralizados pela quantidade de equívocos e situações que beiram o cômico de tão inverossímeis, sendo esta a essencia da tese do diretor até mesmo em relação à morte dos israelenses no atentado. Os atores também não ajudam em nada, são fracos e passam uma atmosfera de irrealidade que depõe contra a verossimilhança essencial para um filme inspirado em fatos reais. O resultado não chega a ser ruim de todo, mas fica à léguas por exemplo da " Lista de Schindler", que tem uma magnífica estória, excelente roteiro e bons atores. Este "Munique" só tem quase que direção, o que é pouco!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

AS DUAS FACES DA LEI



AS DUAS FACES DA LEI ( Righteous Kill) é um “policial” de 2008, do diretor Jonh Avnet, que depois de dirigir o ótimo Tomates Verdes Fritos, na década de 90, decaiu muito. Neste filme, com orçamento enorme, usam-se dois “monstros sagrados” da interpretação, Robert De Niro e Al Pacino, como policiais veteranos, que investigam um Serial Killer. O roteiro é criativo, os caras são mesmo muito bons, e ainda tem o Jonh Leguizamo muito bem. Não é a minha especialidade e o que mais gosto em cinema, mas funciona bem, ou seja, distrai e tem bons momentos.


quinta-feira, 9 de abril de 2009

NEVE SOBRE OS CEDROS

"Neve sobre os cedros" é um filme de 1999, do diretor Scott Hicks, no qual a pretexto de contar sobre o julgamento de homicídio em que a vítima é um pescador branco e o acusado um descendente de japonês, desfila todo o manacial de preconceitos raciais, comum, infelizmente até hoje entre nós, ainda mais, diante de eventos cruciais como a saegunda guerra no caso do filme e se quisermos ir para tempos mais contemporâneos, o episódio das torres gêmeas e o preconceito contra muçulmanos. O tema é amplo e bom, mas o filme é arrastado e composto de flash-backs e entrecortado, se arrastando na maior parte das vezes, compondo um resultado chato, que teve algumas referencias elogiosas à fotografia, o que em termos de DVD fica prejudicado. O trabalho dos atores desaparece e o protagonista Ethan Hawke faz um dos seus piores desempenhos. É o desperdicio de um grande tema, pois igual preconceito atingiu judeus, descendentes de alemães ( meu pai reportou episódios pessoais parecidos), italianos duarnte a segunda guerra ( até mesmo no Brasil) e o lamentável é que pouco mudou, e ainda assistimos arroubos de discursos nacionalistas e identitários fascistas.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

ROMANCE

" Romance" é um grande filme nacional, do diretor Guel Arraes, de 2008. Um tratado cinemato-teatral sobre o amor - tem uma hora que o personagem do Wagner Moura, nos traz Nietzche: " O casamento é o túmulo do amor" e os meus fantasmas se remexeram todos e continua a parafrase Nietzchiana: " Filhos ou Livros" e a Letícia Sabatella responde- é possível o amor e a rotina, e o filme diz- é possível cinema e televisão, teatro e telenovela- um show de roteiro do Guel Arraes e do Jorge Furtado. Filma-se a encenação de uma peça ( um pouco a la Carlos Saura) e mistura-se a realidade e a ficção, Tristão e Isolda, a transformação do amor em dor, enquanto o Caetano Veloso canta "estranho amor". O elenco compõe com maestria o trabalho do roteirista e do diretor. Wagner Moura, Letícia Sabatella ( maravilhosos), Andrea Beltrão e Valdimir Brichta ( um pouco abaixo, mas também bons) , José Wilker, Bruno Garcia,Marco Nanini e Tonico Pereira, com papéis menors, mas todos muito bons, e de repente Tristão e Isolda vão para o nordeste (Paraíba) e falam de paixão e representação, de atores ( e poetas) que fingem, de ficção e realidade, de final feliz e sofrimento e dor, de amor e arte. A conclusão é dos personagens- "as verdadeiras estórias de amor servem para as pessoas não desistirem de procurar uma saída, ainda que saída não haja". Bom demais !

quinta-feira, 2 de abril de 2009

QUANDO ESTOU AMANDO


"Quando estou amando" é o título em português de " Quand J'etais Chanteur", filme de 2006 do diretor Xavier Gianolli, em que fiz minha reconciliação com o cinema francês mais ou menos moderno. O filme é bom, totalmente centrado no personagem encarnado maravilhosamente pelo Gerard Depardieu, que faz um cantor de churrascaria, boate, ou coisa parecida, cafona, romântico e solitário, que se envolve com uma figura contemporânea enigmática vivida com bastante correção pela atriz Cecille de France. Há certos personagens que são encarnados pelo ator, e sempre há uma certa disposição física e psicológica para isto. Depardieu está bem a vontade no papel e faz com maestria, em um filme que fala sobre temas meio recorrentes no cinema francês como a solidão e desamor. Vale a pena dar um a olhada sem pretensão e curtir um bom filme.