quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

GODARD



Para quem gosta de cinema, um presentão - o Centro Cultural da Caixa está rodando uma retrospectiva com filmes do cineasta suiço-francês Jean Luc Godard que está prestes a completa seus oitenta anos de idade, e é um dos pais do movimento chamado de " Novelle Vague" que agitou o cinema francês e do mundoa partir da década de 60. A programação completa você vê no site da Caixa, mas constam filmes como " Alphaville", " Je vous Salue Marie" e outros. Fui re-ver dois filmes, sendo que um deles vi há mais de trinta anos, provavelmente na ABI, com um ambiente e um público bem diverso do atual no Centro Cultural da Caixa- Trata-se de " Acossado" ( À Bout de Souffle ) de 1960, que é um verdadeiro marco inicial do movimento, repleto de reverencias ao cinema norte-americano de ação e com uma expressividade de filmagem e direção bem marcantes. Nem precisava da agilidade e do humor do Jean Pierre Belmondo e da beleza estonteante da Jean Seberg. O segundo filme, foi "O desprezo" ( Le Mepris) de 1963 - falando em beleza, Brigitte Bardot, uma maravilha, secundada pelo grande desempenho do Jack Palance e do Michel Piccoli em uma estória sobre o cinema e sobre o relacionamento de um casal em crise. É um filme incômodo ainda hoje. O preço e a qualidade convidam- até sete de fevereiro !

MANDERLAY

Cotinuando na seara do Lars von Trier, porém de forma mais palatável, assisti ao que pretende ser uma continuação, ou melhor, elemento de uma trilogia do diretor (inacabada) sobre os Estados Unidos. "Manderlay" (2005) ainda permanece como possível teatro filmado, porém seus elementos cenográficos são muito mais pobres que em Dogville. A comparação aliás, sem dúvida alguma desejada pelo diretor, acaba por diminuir muito a continuação (como quase sempre acontece) embora o tema seja bastante diverso, retratando as relações com os negros que ainda vivem nesta nova locus, como escravos em uma fazenda de algodão. O discurso político neste filme é muito mais direto e portanto com menos graça, sem chegar a ser um filme ruim ou panfletário. Também na comparação com Dogville o desempenho dos atores, mesmo do porte de um William Dafoe ou Danny Glover é amplamente desfavorável. Tá certo que é covardia comparar com Dogville, mas a culpa é do diretor. Se não fosse pela comparação, seria só um bom filme ou um bom teatro filmado.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

ANTICRISTO

Filme de terror não é minha praia, mas "Anticristo" é uma obra do Lars von Trier o celebrado cineasta dinamarques de "Dogville" ( que eu acho fantástico) e resolvi assistir. Trata-se sem dúvida de um filme "cult" com todos os problemas inerentes, ou seja , é hermético, com boa dose de pretensão e o risco da ser chato. Como se vê, não dá para recomendar pois dificilmente é do gosto de alguém, embora não seja um filme ruim. O processo doloroso de um casal ( William Defoe e Charlotte Guinsburg) na recuperação psicológica diante da morte acidental ( ou por negligência) de um filho pequeno, serve de pano de fundo para discussão de temas da magnitude da natureza e do mal. O pior defeito do filme, além de duas ou três cenas que parecem ter apenas o efeito de chocar ( e chocam), é precisar de referencias externas capazes de explicar melhor certos símbolos como animais e partes da estória que fogem ao meu conhecimento reduzido sobre aspectos metafísicos e psicanalíticos, ou seja, tirando as referencias mais óbvias como o Éden, boiei. De resto, é um filme incômodo, polêmico, e que por isto mesmo atinge os objetivos de seu diretor, que como Pasolini, faz filmes dificeis de engolir, mas nem por isso, dispensáveis.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

ÔRI


"Ôri" é um documentário da Raquel Berger, de 1989, que assisti no sábado passado, na Tv Brasil. Não é um simples documentário, mas vários documentários em um só que são construídos sobre dois eixos principais- a noção de quilombo como símbolo identitário e o processo de inserção na religiosidade afro-brasileira. Em tôrno destes dois eixos são colocadas imagens belíssimas, que por exemplo, associam a luta pela terra e o seu significado ecológico e místico com imagens da luta do movimento negro no final da década de 70, e década de 80. Há beleza e emoção, por exemplo na recuperação de imagens de uma apresentação da Banda Black Rio na década de 80, do Congresso de Cultura Afro-americano em 1982, além de imagens da própria Africa. Não é pouca coisa o que o filme faz. Acho vital que seja visto, debatido, e mostrado este retrato da cultura brasileira, especialmente para as gerações mais jovens.

HÁ QUANTO TEMPO QUE TE AMO

"Há quanto tempo que te amo" ( Il Y a longtemps que je t'aime) é um premiado filme de 2008, frances, do diretor (e também roteirista) Phillipe Claudel. O filme pretende contar o processo de re-inserção social da personagem principal vivido com maestria pela Kristin Scott Thomas, após ter passado quinze anos presa. E o faz muito bem. Se você se ligar nos motivos do crime, que são mantidos em segredo até o final, o filme feica meio bobo porque o roteiro neste sentido é meio fantasioso, mas se você se ligar no próprio processo, aí a coisa muda de figura, e fica bom, tanto do ponto de vista da direção quanto do excelente trabalho tanto da atriz principal como da coadjuvante, a atriz francesa Elza Zilbertstein. Bom principalmente para quem gosta de dramas subjetivos, o que o torna bem frances.

sábado, 23 de janeiro de 2010

BOOGIE NIGHTS - PRAZER SEM LIMITES

Por vezes assitir um filme ruim te dá vontade de re-ver um filme bom que você já viu há algum tempo. "Boogie Nights" é um filmaço de 1997 com roteiro e direção de Paul Thomas Anderson ( de "Magnólia" e mais recentemente "Ouro Negro". Li que o festival de Sundance está tentando voltar a ser o que era, um celeiro de qualidade e isto é muito bom pois o diretor é cria do Sundance. Na verdade o Burt Reynolds mata a pau no filme e eu quase esqueci ao longo do tempo do resto do elenco que é superestelar ( hoje). Juliane Moore ( sensacional como atriz pornô), Heather Graham, Don Cheadle ( do SNL e Hotel Ruanda), William Macy, Jonh Reilly ( do SNL e "Walk Hard") Phillip Seymour ( de "Capote") faz\em um grande filme sobre a indústria pornográfica. Não perca!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A ILHA DO ADEUS

" A ilha do Adeus" é um filme de 1977 de Franklin Schaffner, baseado em romance de Ernest Hemingway. Há alguns temas recorrentes na obra do genial escritor que são muito bem expostos no filme, como o amor ao mar, a solidão e os relacionamentos humanos. O que ajuda muito o filme é o desempenho do George C. Scott que como sempre, dá muita densidade aos personagens. Não é maravilhoso, mas dá prá ver numa boa, sem cansar muito.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

CONFISSÕES DE UMA GAROTA DE PROGRAMA

Ainda não é o "épico" da Bruna Surfistinha, que está sendo filmado, mas um filme do Steven Sorderbergh de 2009 (The Girlfriend Experience) que causou certa celeuma por usar como "atriz" uma "expert" no mercado visual pornográfico. É lógico que longe de seu "metier" a menina tem uma atuação horrorosa, como de resto os demais "atores", fazendo par com um roteiro horrível e uma direção desastrosa. O que é bom no filme? Nada. A intenção de mostrar alguma lógica e sentimento nos relacionamentos entre clientes e acompanhamentes, esbarra no lugar comum e numa certa tentativa de fazer um paralelo com a crise econômica norte-americana. Não há nem mesmo cenas de sexo, que poderiam trazer algo de bom no filme. O filme remete (por oposição) ao ótimo " Boogie Nights". Não tenha dúvidas...Não perca tempo com confissões bobinhas.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A TETA ASSUSTADA

O filme " A teta assustada", uma co-produção peruana-espanhola de 2009, dirigida pela Claudia llosa ( sobrinha do grande escritor Mario Vargas), ganhou o prêmio urso de ouiro em Berlim e foi bastante premiado em Gramado também. É a estória de Fausta, ( a beleza indígena e a atuação de Claudia Solyer é um dos atrativos do filme, sem dúvida) cuja mãe lhe passou uma doença (o medo) através do leite materno ( daí o título, é o nome da doença). O filme se propõe a cobntra a estória do processo através do qual Fausta precisa enterrar sua mãe ( e com ela é claro, o medo e o atraso). Uma idéia interessante, que porém é contada de forma lenta, com uma câmara excessivamente parada, arrastada, como a reforçar um subjetivismo excessivo a meu ver, que conduz muitas das vezes ao sono e a falta de interesse. Quando o filme abre para mostrar a família de Fausta, que vive de organizar festas de casamento em Lima, se torna mais interessante mostrando Lima e uma forma de mistura entre o moderno e o arcaico que certamente nos faz de alguma forma se identificar com aquela realidade. Em matéria de produção peruana, prefiro mil vezes "pantaleão e as visitadoras" que além de engraçado é mais inteligente. "A teta assustada" não é ruim, se você vencer o sono.

domingo, 3 de janeiro de 2010

UM ATO DE LIBERDADE

"Um ato de Liberdade" (Defiance) de 2008 é um filme supostamente baseado em fatos reais, que conta a estória de três irmãos que chefiaram uma comunidade de judeus perseguidos nas florestas da Bielo-Russia. A direção de Edward Zick optou por construir uma versão bem romanceada da realidade, onde são ressaltados combates bastante irreais com doses mortais de heroísmo implausível,e sobrevivência tipo Robinson Crusoé em uma floresta gelada, contando com a atuação correta do 007, Daniel Craig. É um filme assistível se você não quiser nada com a história e coma realidade, uma espécie de Lista de Schindler sem o Spielberg ( talvez os judeus da Bielo-Rússia não tenham o mesmo status...)Enfim, cinemão um pouco melhor que a média que tem sido produzido, e que não faz mal nenhum em ver sem pretensão alguma.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

TEMPOS DE PAZ

"Tempos de paz" é a transposição para o cinema de uma peça de Bosco Brasil que fez bastante sucesso " Novas diretrizes para tempos de paz". Na verdade ainda funciona mais como teatro do que como cinema, sendo a parte externa ao trabalho dos dois principais atores, quase dispensável. Ultrapassada esta questão, é um bom filme ou peça, que como informa ao final, acaba funcionando como homenagem a artistas e intelectuais que por conta da guerra vieram para o Brasil. O desempenho dos protagonistas Dan Stulbach (mais teatral que cinematográfico) e Tony Ramos ( mais cinematográfico) é excelente e traz para o debate uma série de questões importantes principalmente sobre a sobrevivência e a moral. Acho a estória construída em cima do personagem do Daniel Filho (que também é diretor) também dispensável e meio desconectada, mas nada que afaste a possibilidade de belos momentos de encenação positivamente teatral.