terça-feira, 24 de novembro de 2009

A MULHER INVISÍVEL


"A Mulher invisível" é um filme do Cláudio Torres, de 2009. O longa anterior do Claudio Torres é bem parecido ( " Redentor") ou seja, uma chanchada com uma revoada de clichês. O tema é interessante, a mulher ideal ( que não existe, a não ser na imaginação) mas o filme padece de um roteiro melhor, chega a se chato algumas vezes, tem uma péssima solução final e a encenação dos atores é em geral bastante ruim. Mesmo o Selton Mello, que reconhecidamente é um bom ator, acaba caindo na armadilha da caricatura. A Luana Piovani e a Fernanda Torres ( irmã do diretor) ainda se salvam um pouquinho, mas o Vladimir Brichta e a Maria Manoella estão bem abaixo do que podem. Há de positivo algumas cenas engraçadas ( como toda chanchada) ainda que óbvias, e acho que mais nada. Só pela importância do tema é que vale a pena ser visto. Sempre se aprende alguma coisa....

domingo, 15 de novembro de 2009

JUSTIÇA

"Justiça" é um documentário , filmado em 2004, de Maria Augusta Ramos. É óbvio que sobre este assunto, mais do que em outros, a minha opinião pessoal é muito forte, pois já trabalho há alguns anos com isto, e o filme é bem realista e retrata a justiça, uma chatice só. Lentas filmagens sobre um suposto cotidiano de juízes, promotores ( ausentes, estranhamente da filmagem) e defensores públicos. O filme é uma distorção só, pois mostra de dois juízes um, o Geraldo Prado, que não representa nem de longe o universo comum dos magistrados e muito menos a Ignez como defensora. Também, o que poderia ser uma mostra do cotidiano de presos, é claramente uma imagem manipulada e consentida. O que o filme mostra é distanciado da realidade, a não ser pela chatice, e não serve como apoio para o discurso que o filme pretende, ou seja há um hiato entre o que o filme mostra e sobre o que ele fala. Talvez o seu único valor seja propiciar um debate, mas é ruim como cinema e como documentário.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O INIMIGO DO MEU INIMIGO

" O inimigo do meu inimigo" é um documentário eletrizante e imperdível, de 2007, uma produção francesa, que preliminarmente, mostra Klaus Barbie, o chamado " açougueiro de Lyon, oficial torturador nazista, cuja especialidade era a violência e foi o responsável direto pela morte do líder da resistência francesa Jean Moulin e de várias pessoas, inclusive crianças, deportadas para campos de concentração. O documentário mostra diversas de sua vítimas e familiares de suas vítimas. Mas não pense que este é um fiome sobre os horrores do holocausto ou da ocupação alemã na França. Acaba a guerra e o torturador vive sob paga do governo dos Estados Unidos, trabalhando para o serviço secreto, montando inclusive grupos para-militares com o objetivo de impedir o crescimento dos comunistas na europa ocidental. O filme é fartamente documentado ! Apesar de procurado pela França, o torturador vive escondido e protegido pelos Estados Unidos e quando não dá mais para protegê-lo, se utilizam da chamada "Ratline" que é um esquema que utilizava o Vaticano para esconder nazistas na América do Sul, e o nazista vai para a Bolívia, onde vira empresário e participa ativamente de pelo menos dois dos muitos golpes de estado naquele país. Tudo com íntima relação com a CIA. Especialistas em treinamento militar e interrogatório contra os "terroristas" ou seja, tortura! Finalmente preso e conduzido à França no final da década de 80, veio a ser condenado à prisão perpétua e morrer na cadeia se não engano em 1991. Um filme imperdível para quem procura entender a força oculta que move o nazismo, ainda hoje!

domingo, 8 de novembro de 2009

CAFUNDÓ


Cafundó (2005) é um excelente filme do Paulo Betti, com roteiro do Clóvis Moura. O começo do filme é meio sem sentido e até chato, mas ultrapassados os primeiros dez a quinze minutos, o filme começa a ganhar corpo, as raízes e simbolos religiosos afro vão se misturando os símbolos cristãos e a religiosidade popular ganha densidade, na construção do personagem real João de Camargo, que criou uma Igreja e associação espírita em Sorocaba na primeira metade do século passado. É um rico exercício de sincretismo e brasilidade, a meu ver obrigatório. Lázaro Ramos está excelente na composição do personagem e o Exú do Flávio Barauaqui é algo fora de série. Acho que os demais atores estão alguns degraus abaixo, mas nada que prejudique muito o filme. Trata-se de umprojeto ligado à vida e a infãncia do Paulo Betti, e isto dá mais amplitude ao trabalho pelo prazer com que eve ter sido feito. Há muitos momentos bons no filme! Valeu!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

SINEDOOUE, NOVA IORQUE

Se você acha "Synedoche, New York" (2008) um título estranho, espere para ver o filme, primeiro trabalho de direção de Charlie Kaufman, o cultuado roteirista de por exemplo, "Quero ser Jonh Malkovich". O filme é totalmente "outsider" em relação aos padrões do cinema de entretenimento. Um diretor de teatro (em crise?) encena sua vida, repleta de perdas, em que muitas figuras de linguagem, muitas representações ocorrem, e acho que mesmo atento, ninguém consegue pegar nem 50% do que pretende o diretor. Phillip Seymour (é claro) em mais um daqueles papéis densos e estranhos, secundado por uma série de boas atrizes, como Samantha Morton e Diane West, por exemplo. Alguns dirão que se trata de teatro filmado, e poderíamos debater se cinema pode ser teatro filmado. O filme, para mim, além de hermético em excesso, é também longo demais, porém é um filme que faz pensar e isto já é muito nos dias de hoje.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

VERÔNICA

Verônica (2009) é um filme do diretor Maurício Farias, que também é o co-roteirista. Filho do diretor Roberto Farias, acho que ele deveria se fixar na direção, que é uma das qualidades do filme. Já o roteiro, peca demais e ainda carrega o estigma de ser muito parecido com o enredo de um filme do Jonh Cassavetes. Na estória de uma professora que abandona a sua vida para ficar com um garoto que teve os pais assassinados em briga de traficantes em comunidade do Rio, e que é perseguida por policiais courruptos e traficantes, o filme consegue ser uma boa adaptação (no contexto) de uma estória que se torna (pelo roteiro) irreal demais. Vale destacar ainda as boas atuações da Andrea Beltrão e um pouco menos, do Marco Ricca, mas o roteiro derruba o filme e quase vira um caso especial maluco. Só prá quem gosta muito do cinema nacional.

domingo, 1 de novembro de 2009

MILAGRE EM JUAZEIRO

Começamos novembro assistindo na TV Brasil ao belo documentário " Milagre em Juazeiro" (1999) do diretor Wolney Oliveira, que é daqueles documentários que procura mais informar do que manipular. O filme é entremeado por uma narrativa ficcional, baseada no milagre da "beata" Maria Araújo, que vertia o sangue de Jesus Cristo nas hóstias que lhe eram ministradas pelo Padre Cícero ( vivido é claro pelo sempre competente José Dumont). Ao mesto tempo passa pelas telas o contexto, Juazeiro do Norte, os romeiros, suas manifestações culturais, seus depoimentos "anônimos". No final, o telespectador fica conhecendo mais da estória desta figura
(Padre Cícero - falecido em 1934) que a partir dos milagres, é alijado da estrutura da Igreja, tem um papel político importante, é prefeito, deputado federal, e se torna um mito, adorado por milhares de pessoas até hoje. Uma verdadeira aula de religiosidade popular e cultura.