quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

RETRATOS DA VIDA


"Retratos da Vida" (Les uns et les autres) é o último post de 2008. Um filme clássico de Claude Lelouch, de 1981. O filme ganhou muita fama pela coreografia de Maurice Bejart para o Bolero de Ravel, dançada pelo argentino Jorge Donn (que eu tive o prazer de ver ao vivo no Aterro em 1989, antes da morte do dançarino-ator em 1992, dançando a mesma coreografia) e só por isso efetivamente já valeria a pena, mas é muito mais. É um filme longo para os atuais padrões (três horas) em que famílias da Russia, Alemanha, França e Estados Unidos vivem os anos do século XX e mostram como a guerra influiu em suas vidas. Pano de fundo, a música e a dança. Atores bons como James Caan (demasiado bom como sempre em dois papéis) Geraldine Chaplin, Robert Hossein, mostram duas gerações, que no final se entrelaçam em um espetáculo para a Cruz Vermelha. Há muitas questões levantadas pelo filme, mas a principal sem dúvida são as consequencias mais subjetivas da guerra nas gerações que adquiriram(?) a maturidade no período posterior. O filme é bom, sem ser excelente, mas cumpre bem o seu papel.Feliz 2009 para nós todos!

FRIDA


"Frida" é um excelente filme de 2002, da diretora Julie Taymor, cuja tarefa é bastante facilitada pela excelente escolha dos atores principais. Selma Hayek é certamente e fisicamente talhada para o papel e Alfred Molina como Diego Rivera não fica atrás (muito pelo contrário, se torna protagonista também, o que aliás tem rigor histórico). A personagem é fascinante, mas a maneira como é contada sua estória neste filme também é, de forma criativa e viva ( em nenhum momento do filme você o acha chato. Aqui não apenas a estória é bonita, mas também o filme ! Vale a pena re-ver !

sábado, 27 de dezembro de 2008

BIG FISH

"Tim Burton" é um dos grandes cineastas do "sobrenatural" ou se preferirem de uma vertente mais fantástica do "realismo mágico". Não é um dos meus estilos preferidos, mas gosto do "Edward Mãos de Tesoura" e da sua verão do Batman, que foge ao lugar comum. Este filme, "Big Fish" de 2003, é um bom filme, representativo da qualidade com que o diretor trata seus temas preferidos. Há ingredientes extras como os desempenhos do Ewan Mac Gregor, Jessica Lange e o sempre bom Albert Finney, mas não deixa de ser um filme de diretor, que fala sobre a desconstrução da imagem, da relação entre pai e filhos, mas basicamente sobre o romantismo e a fantasia. Não é tão bom quanto " Don Juan de Marco" que trata do mesmo tema com mais maestria, mas é bom.Provavelmente o Tim Burton não leu o Guimarães Rosa, mas tem tudo a ver com a "Terceira Margem do Rio".

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

COISAS BELAS E SUJAS

Coisas Belas e Sujas (Dirty Pretty Things) é uma produção britânica de 2002, do diretor Stephen Frears. O diretor, desde seu primeiro sucesso no cinema," Minha adorável Lavanderia" de 1985, já dizia que seria uma espécie de papa do multiculturalismo. No filme em questão, não há mudança de regra - Trata-se de mais um filme de Londres em que pouco se vê ingleses- turcos, nigerianos, eslavos, espanhóis e outras etnias se mostram em uma película de ação, que tem tons de drama, romance e comédia em torno do tráfico de órgãos. A coisa é mais bela do que suja, e o roteiro, sem nenhuma pretensão de seriedade ao seu final acaba sendo algo divertido e demonstrativo da enorme babel cultural em pelo menos uma grande parte de Londres. O grande desempenho é do ator inglês Chiwetel Ejiofor, que faz o nigeriano Owke, bem secundado pela francesa Audrey Tatou e pelo catalão Sergi Lopez, embora todo o elenco esteja muito bem. É um filme que distrai bem e do qual você não se arrepende de ter visto, quando muito para ver uma face do multiculturalismo que é menos falsa que a maioria dos produtos nesta área, pois aqui não se vêem " encontros culturais amistosos", sendo muito significativa uma fala final do ator que faz o personagem nigeriano respondendo a um inglês porque ele nunca o tinha visto (não vou reproduzir para não estragar e por ser em grande parte com vocabulário impróprio). Um bom filme,cujo roteiro, de Steven Knight foi indicado ao Oscar de melhor roteiro original em 2004.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

SHOW DE BOLA

Show de Bola é um filme de 2005, lançado na Alemanha como " ruas do Rio", e no Brasil em 2008, do diretor alemão Alexandre Pickl, ambientado nas favelas do Rio. É um grande risco fazer um roteiro sobre um adolescente de uma favela que acredita estar no futebol sua chance de romper com um destino(?) cruel. O roteiro, que parece ter sido escrito a quatro mãos, corre este risco e não foge dos estereótipos normais, tipo "traficante que não quer o garoto trabalhando no tráfico, mas ele acaba se envolvendo, e ainda por cima se apaixona pela irmã do traficante, e por aí vaí". O filme só não descamba totalmente porque o Thiago Martins, egresso do grupo "nós do morro" dá um show de credibilidade a seu personagem, fazendo a fantasia parecer em alguns momentos real. O Lui Mendes até que se esforça como traficante, mas falta naturalismo em seu físico para o papel . Como retrato do Rio, acho uma tremenda forçada de barra, mas fazer o quê ...e Estereótipo é estereótipo. A trilha sonora é ajustada ( rap) e o trabalho do diretor é bom. Morno.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

UM JOGO DE VIDA E MORTE


Trata-se de um refilmagem de um filme da década de 70, chamado " Jogo Mortal", em que Lawrence Olivier fazia o papel mais velho e Michael Caine o mais novo. Agora Michael Caine faz o papel mais velho e Jude Law faz o mais novo. Eu não vi o clássico, mas acredito que a diferença seja gritante, embora não ache o Jude Law um mau ator, e ele está se especializando em fazer refilmagens como Alfie, o sedutor e All The Kings Men. estes dois eu vi as duas versões e nunca é a mesma coisa. Este em especial é mesmo teatro filmado, sem deixar de ser cinema, mas é quase todo centrado no desempenho dos atores e fica claro o quanto o Michael Caine consegue ser mais natural enquanto o Jude Law precisa forçar a mão e resvalar no caricato. A direção é do Kenneth Brannagh e para quem gosta do trabalho de bons atores vale a pena ver, sem dúvida. O roteiro é meio hermético, mas fala o tempo inteiro de um jogo de poder cotidiano e de uma espezinhação bastante humana. Achei a solução do policial totalmente fora de sintonia e estragou bastante o desenrolar da estória. Vou tentar ver o original para comentar.

domingo, 14 de dezembro de 2008

TANGO

O filme "Tango" é uma produção Carlos Saura de 1998, com todos os ingredientes das demais produções do diretor, e sempre um belo espetáculo para quem gosta de música e dança principalmente. O autor quase sempre filma a realização de um filme, falando sobre os limites da realidade e da arte, uma estória de amor, que normalmente envolve um ou mais personagens e o diretor e no meio disto, muita música e muita dança, coreografias fantásticas, enfim, um verdadeiro show com muita beleza, sentimento e emoção. Há uma coreografia em particular que trata dos anos de chumbo e da repressão, na Argentina, que é bastante criativa e merece ser destacada. Acho que quando uma fórmula dá muito certo, deve ser copiada ( a estrutura, é claro) e é isto que Carllos Saura faz muito bem. Não deixa de ver.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

ANTES DA REVOLUÇÃO

Está rolando no CCBB uma mostra de filmes antigos do Bertolucci, e resolvi assistir o que parece ter sido o segundo filme do festejado diretor, um filme de 1964, "Antes da revolução", na qual ele faz uma espécie de " revisão" de um famoso romance de Sthendal, tendo como ambiente a cidade de Parma, que também parece ser o berço natal do diretor. Uma característica do Bertolucci é misturar subjetivismo e política, e alguns bons filmes já foram dirigidos por ele, como o recente " os sonhadores". Neste P&B o acento é quase todo no subjetivo, no romance entre o personagem principal e sua tia, que representam ambos tipos de burgueses, mas o filme não consegue deixar as relações claras e fica muito difiícil de entender os aspectos simbólicos que certamente devem estar presentes, restando um produto chato e pretensioso, que muitas vezes assola o cinema europeu da década de 60. Se você pensar no subjetivismo de `"O Último Tango em Paris"e "La Luna", por exemplo vai ficar claro o antecedente nesta película, mas para mim é muito tempo desperdiçado com questões muito particulares. Os atores pouco conhecidos, também não ajudam com o resultado e resta mesmo forte a impressão de desperdício....

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

HAIR


Faz muito tempo que não assisto " Hair" de Milos Forman(1979), mas resolvi me dar este presente de natal. É muito difícil eu gostar de um musical, mas quando gosto, acho fantástico, e este não é diferente. A parte musical e de dança do filme ( Twyla Tharp) é o seu ponto alto ! Não é um filme de ator, certamente e Jonh Savage, Treat Willians e Beverly D'Angelo são a prova disto, dão conta do recado, mas é só, e chega, pois o filme, mesmo com o foco na questão da guerra do Vietnam, demonstra toda a (contra) cultura dos anos 60, com sua rebeldia e seus cabelos compridos. Não há como deixar de ter alguma saudade, mesmo ciente de que a vida e a luta sempre continua.....

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

IDIOCRACY

Se você procura um filme de humor, aqui está mais uma boa pedida. " Idiocracy" é uma produção de 2006, do Mike Hudge, que é o responsável pela dupla Beavis e Butt-Head, o que em todos os Estados Unidos representa o máximo de humor sarcástico, irônico, e vai ver que este filme não deixa a peteca cair. O filme começa fantástico, a idéia é fenomenal. A evolução alija a inteligência e só os mais despreperados, ou melhor, os idiotas sobrevivem aos anos e são defrontados com uma pessoa mediana, que 500 anos depois , acorda de um projeto de hibernação das Forças Armadas. É bem verdade, que o filme cai um pouco e o final não tem a mesma força, mas até lá você já deu muitas risadas boas e melhor, como ainda não estamos na época em que passa o filme, podemos refletir um pouco. O ator principal, Luke Wilson, funciona muito bem para o filme, que não é um filme de atores, mas de roteiro, e que roteiro ! Também vale a pena observar as soluções ceonográficas que são fabulosas e ajudam muito. Vale a pena ver, e esquecer um pouco um certo clima televisivo...

domingo, 7 de dezembro de 2008

TRILHOS DO DESTINO

" Trilhos do Destino" ( Rails e Tails) é uma produção de 2007/2008, com direção de Aliston Eastwood ( filha do Clint) estrelada pelo Kevin Bacon e pela Marcia Gay Harden. Grande parte do lado bom do filme, é justamente o desempenho dos dois atores e em especial do Kevin Bacon, que é um dos grandes atores norte-americanos hoje e que coincidentemente ( ou não) em certos momentos lembra muito a face dura e que expressa sentimentos do Clint Eastwood. No mais trata-se de um melodrama dirigido profissionalmente, que emociona sem cair no caricato, porém nada mais do que um melodrama, ou seja, fica naquela sensação de um roteiro artificialmente criado para te emocionar.É muito difícil emocionar tamanho o clima artificial da estória, mas quem gosta deste tipo de cinema, tem neste filme um bom entretenimento, com um bom desempenho de atores. A diretora promete seguir a fecunda carreira do pai.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

AUTO FOCUS

O filme " Auto Focus" é uma produção de 2002, do diretor Paul Schraeder, de quem comentei recentemente (em outubro) o excelente " O acompanhante" , realizado em torno da história do ator, assassinado, Bob Crane, que foi o astro do seriado de humor "Guerra, Sombra e Agua Fresca", no qual fazia o Coronel Hogan. É muito interessante a história, que assim em linhas gerais, fala de vícios sexuais e da decadência do ator, cuja vida pessoal o incompatibilizou com a carreira. O desempenho do ator Greg Kinnear, que ganhou o oscar de melhor ator coadjuvante em " Melhor é impossível" é muito bom, secundado pelo excelente William Dafoe, em um papel difícil que ele leva muito bem. Não é um tema dos mais inovadores, mas o desempenho e a direção transformam em um bom filme. Não é brilhante, mas sem dúvida alguma interessante.