domingo, 30 de março de 2008

'DOC"


Como última postagem de março ( estamos mantendo a média de 13 por mês) fica um misto de crítica e indicação, que aliás parece ser a marca que o blog está assumindo por enquanto. Ontem, assisti ao documentário " Moacir - arte bruta " produção de 2005 dirigida pelo Walter Carvalho, que é um gênio brasileiro da fotografia cinematográfica, responsável entre outros tantos por Lavoura Arcaica. O tema do documentário é sobre o Moacir, um artista plástico do interior de Goiás sem nenhuma instrução formal e sua relação subjetiva com a arte e com a comunidade local. Não é um dos melhores documentários que já vi e o Brasil é um dos melhores nesta área, mas um documentário quase sempre vale a pena ser visto, quando muito pela informação que te traz. Normalmente os preços das exibições são ótimos, quando não são de graça, como este que vi, no Centro Cultural da Caixa. Aproveitando a deixa criada, começa no Rio o festival " Tudo é verdade", uma idéia do crítico Amir Labaki , de 1996 e que deu super certo e tem dimensão internacional. Veja a programação no endereço www.itsalltrue.com.br e aproveite, que tem muita coisa boa. Valeu !

quinta-feira, 27 de março de 2008

"O JULGAMENTO DE NUREMBERG-RICHARD WIDMARK"


Não param de chegar óbitos de gente ligada ao cinema, e hoje infelizmente, trata-se do ator Richard Widmark, que fez inúmeros papéis ligados a Westerns, Policiais e filmes de guerra, porém o grande destaque para mim é no filme O JULGAMENTO DE NUREMBERG, porque também é um grande filme e que traz outros grandes atores e um roteiro fantástico ( oscar de melhor roteiro) Richard Widmark faz o promotor que acaba fazendo contraponto a Spencer Tracy como Juiz e ao Burt Lancaster ( uau !) como juiz acusado, que colocam em questão o direito e a lei diante da justiça. Um tema infernal que é muito bem colocado. A característica principal do Richard Widmark é a seriedade na composição de seu rosto, ótimo para demonstrar preocupação e responsabilidade. O filme é de 1961, não assista ao remake que é muito pior. O original traz ainda como pano de fundo a Alemanha do pós-guerra, e além dos já citados, Maximilian Schell, Marlene Dietrich, e Judy Garland, além de outros bons atores e atrizes.

terça-feira, 25 de março de 2008

Eu Recomendo: Blog do MCL - Movimento Cinema Livre

Eu recomendo que você visite o seguinte endereço:
www.movimentocinemalivre.blogspot.com

é um blog onde você poderá encontra várias informações boas sobre cinema em geral. Tem textos interessantes, como um que estou lendo agora sobre Godard

A descrição do próprio blog começa assim:

"O Movimento Cinema Livre surgiu em fins de 2006 no Orkut com o intuito de tornar mais acessível o chamado cinema autoral, disponibilizando legendas inéditas em português (e SEMPRE gratuitas) na Internet. Após alguns meses, o movimento cresceu consideravelmente. Assim foi criado o blog, que disponibiliza críticas, links e legendas para filmes marginalizados no circuito comercial.
Atualmente a comunidade tem mais de 1000 membros no orkut e centenas de legendas disponibilizadas.
Todos estão convidados a discutir conosco as diretrizes do movimento, bem como contribuir com o blog ou com o banco de legendas, sendo tais contribuições sem dúvida a grande base de dinamização do MCL.
Este blog se restringe a disponibilizar filmes - significativamente apresentados - cujas legendas foram traduzidas pelo MCL."

Olha os tags deles:
O que já houve

* Bernardo Bertolucci (1)
* Chris Marker (1)
* Downloads (13)
* Glauber Rocha (1)
* Ingmar Bergman (2)
* Kieslowski (1)
* Lars Von Trier (2)
* Liv Ullmann (1)
* Louis Malle (1)
* Lukas Moodysson (2)
* Michelangelo Antonioni (1)
* Peter Greenaway (1)
* Roman Polanski (1)
* Ruggero Deodato (1)
* Sam Peckinpah (1)
* Shinya Tsukamoto (1)
* Textos e Entrevistas (7)
* Umberto Lenzi (1)

vale a visita

domingo, 23 de março de 2008

dicas de filmes ruins

Antecipando-se à crítica de que apenas postamos sobre filmes bons, vamos de vez em quando indicar algumas bombas, pois nem todo investimento dá certo, acredite.

O MAGNATA – o Magnata é um filme brasileiro, cara, cê ta ligado ? É um filme escrito por Chorão. Ce vc não ta ligado, pôrra, Chorão é o vocalista do Charlie Brown Junior, caralho. Já sei vc vai falar, filme brasileiro, cara, uma merda, um cú. É cara, tem muita juventude (pretos e brancos) neste filme: Grafiteiros, Hip Hop, Rap, Punk, cabelos moicanos, música eletrônica, skate ( com direito a Bob Bornquist), surf, João Gordo, Marcelo D2, Ratos do Porão, muita gente falando palavrão,muita gente falando cú, muita gente falando pôrra, muita gente falando caralho, e o personagem principal é um boyzinho, o Paulo Vilhena ! Cê deve ta perguntando o que um mané como o Paulo Vilhena tá fazendo neste filme, e sei que meu filho vai me xingar, mas o Paulo Vilhena tem tudo a ver com o Chorão e o Charlie Brown Junior. Como quase todo filme brasileiro, até a metade parece que tem um roteiro (uma bosta de roteiro) e aí de repente alguém rasga o roteiro e termina o filme de qualquer jeito. O Magnata é claro, tem uma mãe alcoólatra (a Maria Luisa Mendonça, péssima também) que não liga muito pra ele e pasmem, a consciência do garoto é o Marcelo Nova ! Quando vc pensa que nada de pior pode acontecer, tem também o Marcos Mion em uma ponta. Enfim, um retrato sem dúvida. Você acredita que neste filme ambientado na Night e no underground paulista, com brancos e pretos envolvidos com o crime e com tudo de ruim, não tem ninguém (eu disse ninguém) usando droga explicitamente ? Parece um conto de fadas do caralho, produzido pela MTV.

O ASSASSINATO DE JESSE JAMES PELO COVARDE ROBERT FORD - animado pelo western que ganhou o Oscar, resolvi enfrentar mais um, que trazia como isca a participação do Brad Pitt, que eu pessoalmente considero um grande ator, mas que também faz filmes muito ruins, como este. O maior bandido americano do oeste, Jesse James tem um bando de malfeitores que parece uma escola de excepcionais, sendo que um deles, interpretado à lá Rain Man por Casey Affeck, que depois eu fui descobrir que parece que é irmão do Ben Affeck (e foi indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante!) acaba por matá-lo. O filme é uma experiência ruim de trailer psicológico e faroeste, que no final você não consegue descobrir para que foi feito, a não ser talvez que você seja um profundo conhecedor da estória do Jesse James ou do livro no qual foi baseado o roteiro. O filme é tão ruim que até a cena de assalto (especialidade do cinema norte-americano) é mal feita. Se você quiser ver o Brad Pitt, veja “Os doze macacos”, “ Clube da Luta” ou outra opção melhor.

sexta-feira, 21 de março de 2008

"INVASÃO DE DOMICÍLIO"


Ainda no campo obituário, assisti em homenagem ao diretor inglês Anthony Minghella, também morto esta semana a um de seus mais recentes filmes: INVASÃO DE DOMICÍLIO ( Breaking and Entenring, EUA/INGLATERRA -2006). Na verdade, o filme usa da invasão, que nem mesmo é ao domicílio, ou seja, do furto de uma empresa, para falar de duas coisas distintas: Uma, de uma espécie de multiculturalismo, que confesso, me soa sempre muito estranho, e não gosto de ver nas telas. O filme é em Londres, mas o que se vê é uma profusão de estrangeiros, desde suecos a orientais, passando por negros, bósnios, Juliete Binoche fazendo papel de muçulmana e tudo que mais pintar. Só faltaram latino-americanos e brasileiros. O que há de errado em mostrar este multiculturalismo? O problema é que ele soa artificial. Ou as relações são do tipo estrangeiro= outsider ou são intensamente amistosas. Não há um meio termo mais realista, e para falar a verdade, quase não tem ingleses no filme. Parece uma mistura de Torre de Babel com edifício sede da ONU. A segunda intenção do filme, e neste ponto ele é mais feliz, é falar dos problemas de relacionamento amoroso (falta de romantismo, atenção exagerada da mãe aos filhos, atenção excessiva ao trabalho,etc...) e neste particular ajuda muito contar com o Jude Law, que desde CLOSER(de Mike Nichols,2004) faz muito sucesso com este tipo de papel de macho em crise. Em resumo é um filme meio bom, aliás como a obra do diretor de um modo geral, como em O PACIENTE INGLES e COLD MOUNTAIN (esse achei ruim mesmo). Do TALENTOSO RIPLEY não posso falar porque não vi.

quinta-feira, 20 de março de 2008

"O HOMEM QUE NÃO VENDEU SUA ALMA"

Esta semana em que morreram tantas pessoas importantes, mesmo sem a cruz, não há como não se prender ao obituário. Uma das mortes sentidas para o cinema é a do ator inglês Paul Scofield, que ganhou o Oscar de melhor ator em 1967, pelo seu desempenho no filme " O Homem que não vendeu sua alma" ( The Man for All Seasons) uma produção britânica de 1966, dirigida por Fred Zinneman, e que também ganhou o Oscar de melhor filme no mesmo ano. O filme tem roteiro de Robert Bolt e é baseado na peça do mesmo, contando a história de Thomas Morus, um advogado que se tornou chanceler de Henrique VIII e depois caiu em desgraça ao se opôr ao mesmo no episódio do divórcio do rei para casar co Ana Bolena e que gerou o cisma com a Igreja Católica e a criação da Igreja Anglicana. Thomas Morus era um intelectual respeitado, já havia escrito o célebre " Utopia", mas assumiu uma posição fortemente ética baseada em sua fé católica o que acabou lhe rendendo a prisão na Torre de Londres e posterior decapitação. Se você gosta de um bom filme sobre ética, poder, fé e razão, além de celebrar o excelente desempenho do ator falecido esta semana, que representa bem a escola dos atores britânicos respadados pela escola teatral, a fala vigorosa, a expressão facial marcante, aí está uma boa pedida, ainda com as participações especiais de Orson Welles e Vanessa Redgrave e um bom desempenho de todos os demais. É muito interessante o debate sobre o valor do silêncio como ação ou omissão - quem cala consente ? O homem perdeu a cabeça, mas virou santo católico e seu dia é 22 de junho.

domingo, 16 de março de 2008

DICA CURTINHA- TARANTINO'S MIND


Prá voce que gosta de falar sobre cinema, mesmo que não goste do Tarantino, vale a pena ver o curta-metragem "Tarantino's Mind", no Portacurtas, é claro !

ALEMÃES DE ÚLTIMO GERAÇÃO: A VIDA DOS OUTROS/ADEUS LENIN/EDUKATORS


Ontem foi dia de cinema (pra quebrar os vídeos) e assisti um bom filme alemão da nova geração: “A VIDA DOS OUTROS”, o que me trouxe a referencia de dois outros vistos nos últimos anos, “EDUKATORS” e “ADEUS LENIN”. Pelo que se vê, o cinema alemão já tem sucessores para a geração de Fassbinder, Werzog e cia. A VIDA DOS OUTROS é uma produção de 2006, que ganhou o oscar de melhor filme estrangeiro do ano passado, dirigido por Florian Henckel von Dannersmarck. ADEUS LENIN é uma produção de 2003 de Wolfgang Becker e EDUKATORS é de 2004, de Hans Weingartner. Os dois mais antigos já são manjados em locadoras e o outro está passando no cinema. Os três tem algumas coisas em comum: São filmes que falam sobre política, mas que não se limitam a isto, são temas sobre temas. A VIDA DOS OUTROS pega a questão da espionagem e da polícia política para falar sobre a intromissão entre o espião e o espionado e sobre a vida das pessoas pressionadas por um aparato burocrático repressivo policial. O ótimo ator Ulrich Mohe, faz o agente Wiesle, e se destaca. É o mais reacionário dos três filmes, mas é engraçado (tem uma piada hilária sobre o Erich Honecker (ex-líder da RDA) e uma cena do agente com um menino no elevador que também é muito engraçada). O Humor e a criatividade também são a tônica de ADEUS LENIN, que é fantástico e imperdível, também sobre a extinta República Democrática Alemã, e que nos apresenta um ator, Daniel Bruhl, que promete se consagrar, e que também estrela EDUKATORS, que fala sobre política, é o mais progressista dos três e fala ainda sobre amizade, amor, mudanças das pessoas, e tem u dos melhores finais de filme que assisti nos últimos tempos. Não deixe de ver os três. Parece que o cinema germânico que sempre foi criativo (Corra, Lola...) está adquirindo uma boa dose de humor e uma leveza maior, que talvez antes não fosse possível

terça-feira, 11 de março de 2008

'ONDE OS FRACOS NÃO TEM VEZ'



Há várias leituras possíveis sobre o grande vitorioso do Oscar 2008, ou seja, “ No Country for old man”, produzido e dirigido pelos irmãos Joel e Ethan Coen. As duas primeiras, é um bom filme, sem ser maravilhoso e a tradução para “ Onde os fracos não tem vez” mata muito do filme. Há uma característica que salta muito aos meus olhos, é que a fotografia, a trilha sonora e as imagens, retratam sem dúvida alguma, ainda aquele oeste bravio, mas com muita intensidade a fisionomia dos quatro grandes atores que compõe o quadro principal do filme, ou seja, Tommy Lee Jones, Javier Bardem, Woody Harelson e Josh Brolin é o que mais retrata a dureza e a aridez daquela realidade. São faces duras, encarquilhadas, sem alegria, apenas risos irônicos, e a violência, fica bem claro, não está só na ação. Neste sentido lembra um pouco “Os Imperdoáveis”, porém com menos referencia no passado, e sim no presente cruel (até para com os animais) em que o personagem principal, o xerife de Tommy Lee Jones, representa o anti-herói, o homem da lei impotente, fraco e que assume uma atitude de desesperança e inevitabilidade diante de um quadro de violência, que eu chamaria de “violência má”, uma violência insana que no final é a grande vitoriosa no filme. Não é a simples violência que choca no filme, pois sabemos bem que o público, principalmente o norte-americano, mas nós também não estamos ficando atrás, gosta da “violência boa”, aquela na qual estamos no papel de mocinhos. Mas não é desta violência que o filme fala e sim da insanidade moral e da falta de sentido de uma lógica particular (neste sentido me lembrei de um filme, “Kalifornia” (1993), com um excelente contraponto entre Brad Pitt,Juliette Lewis e David Duchovny) em que o matador de Javier Bardem não deixa de reparar que todos lhe dizem o mesmo: “Você não precisa fazer isso” !

O que mais me chamou a atenção, após todas estas anotações, foi o fato deste filme ter ganho o Oscar. Não vou entrar na inútil discussão comparativa, até por que não vi os outros, mas acho significativo e mesmo doentio este filme ter ganho o prêmio de melhor filme pela industria do cinema de Hollywood. Acho que é um sintoma, e neste sentido há muita diferença com “Crash”, de que a violência sem sentido, os cadáveres e o sangue estão muito mais próximos e cada vez nos chocam menos (O xerife diria que é inevitável e ainda acrescentaria para o ajudante: Voce já reparou quem está morrendo?) e talvez mesmo por isso, o Presidente dos EUA não tenha vergonha de defender a tortura (a boa) e um quarto dos brasileiros (segundo recente pesquisa) também não. Neste mundo, não há mesmo lugar para a lei, a justiça, para heróis e para os mais velhos. Há, também não há lugar para sonhos !

domingo, 9 de março de 2008

"POLLOCK"

Resolvi postar sobre este filme, que já vi mais de uma vez, ao assistir a exposição de fotos de um amigo meu, em seu blog, baseado no artista. Pollock é um filme de 2000, produzido, dirigido e estrelado pelo excelente ator Ed Harris, que obviamente dá um show no filme, que também conta com a excelente atriz Márcia Gay Harden. Jackson Pollock é um ícone da pintura norte-americana e em dois sentidos pelo menos ele é fenomenal: a sua pintura carregada na técnica do gotejamento, abdica quase que integralmente da base tradicional e da moldura, e mesmo do pincel, compondo um abstracionismo diferente, a-geométrico e compulsivo, que passou á história da arte como expressionismo abstrato, do qual o pintor é um dos marcos.O filme carrega um pouco no subjetivismo, mas traz uma importante referencia, aliás, já comentada em outro post ( ver post sobre O Homem do Braço de Ouro) o Jazz dos anos 50, que também trazia esta espécie de compulsividade, muito presente na música de Charlie Parker, por exemplo (ver BIRD, filme de Clint Eastwood de 1988). Pollock, o filme, também carrega na subjetividade ao mostrar o ocaso do artista, incapaz de corresponder às exigências do mercado e da crítica. É um bom filme que vale muito a pena ver, como também a exposição de fotos do meu amigo Paulo Frias, em www.studiophotograph.blogspot.com e aliás já que o assunto também é fotografia, não deixe de ver a exposição de fotos do acervo Família Ferrez em cartaz até 27 de abril no CCBB. Fotos históricas do Rio antigo, Brasil e Suíça. História e Arte, de grátis.

sexta-feira, 7 de março de 2008

"SILVERADO/OS IMPERDOÁVEIS"


Ainda como aperitivo para “Onde os fracos não tem vez”, revi dois exemplares sobre o gênero ( Faroeste ou Western) ou seja, “ Silverado” e “Os imperdoáveis”. O primeiro, Silverado (1985) é uma produção do diretor Lawrence Kasdan, que se propõe a fazer uma verdadeira homenagem ao gênero. Utiliza um elenco estelar ( usando critérios de hoje e não da época em que foi feito) como Kevin Kline, Kevin Costner, Danny Glover, Jonh Cleese e Jeff Goldblum, o filme acaba sendo um retrato da decadência do gênero e para mim não funciona, embora muitos gostem. O melhor do filme, foi efetivamente contemplado na indicação para o Oscar de melhor trilha sonora. A imagem embora retrate geográficamente o oeste, não funciona mais, pois é muito “ limpa” para uma realidade e cultura “suja”, assim como os atores e atrizes, mesmo apresentando o Kevin Kline barbado e o Danny Glover idem, não conseguem remeter ao empoeirado e seco West americano. Positivamente, com exceção do Scott Glenn ( personagem Emmet ) e de Brian Dennehy ( xerife Cobb) os demais não conseguem corresponder ao estereótipo do gênero, e mesmo a direção resvala para um humor suave que efetivamente nada tem a ver com Jonh Wayne, Forte Apache, e os pistoleiros sanguinolentos. Em compensação, a associação Kasdan/Kline e Glover vai funcionar magistralmente seis anos depois no filme “ Grand Cannyon- ansiedade de uma geração” que qualquer dia destes eu posto.

Em compensação, temos “Os imperdoáveis” (1992) um clássico imperdível, com o genial (neste filme pelo menos) Clint Eastwood, na direção e como protagonista, Bill Munny, secundado pelas atuações também fabulosas de Morgan Freeman ( Ned Logan) e Gene Hackman ( Bill Duguet). Aqui você tem atores que de certa maneira conseguem transmitir ainda aquela dureza do oeste bravio, mas que se unem para contar uma estória, que longe de homenagear o genêro, mostram justamente sua decadência e suas facetas menos ressaltadas, como por exemplo a associação inevitável entre o álcool e a coragem, a relatividade entre a moral e a honra, a violência sem sentido, e a aridez. Não é fácil fazer algo desconstruindo um conjunto de clichês que estão profundamente arraigados na cultura ocidental. O mais difícil ainda é fazer um filme sério sobre isto, pois o humor escrachado ( Mel Brooks- Banzé no Oeste) consegue fazê-lo com certa eficiência. Recentemente, “ O segredo de Breakbroke Mountain” também se propunha a esta desconstrução ( será? ) e também não funcionou ( neste sentido). Os imperdoáveis, conseguem, com certeza. Ah, para os aficcionados, melhor filme, melhor diretor e melhor ator coadjuvante ( Hackman) no Oscar 1993.

segunda-feira, 3 de março de 2008

R.I.P., Jeff


Este é um blog sobre cinema, mas meus colegas vão me permitir abrir um parênteses sobre música, por uma boa razão:

O guitarista canadense de Blues (além de radialista e especialista em História da música), Jeff Healey, morreu ontem aos 41 anos, vítima de câncer. Healey é mais conhecido por sua participação como o guitarrista cego no filme "Matador de Aluguel" (Roadhouse, 1989), com Patick Swayze e Kelly Lynch; e por seu modo "havaiano" de tocar guitarra, sobre seu colo...

Jeff era muito bem considerado como guitarrista de jazz e rock, como um músico de rara habilidade, senso de hunor e grande generosidade.

Jeff morreu esta noite de domingo em um hospital em sua cidade, Toronto junto à sua família e um companheiro de banda, Colin Bray, após uma batalha contra o câncer .

domingo, 2 de março de 2008

O HOMEM DO BRAÇO DE OURO/CHAGA DE FOGO



Este filme é da “época” em que os tradutores não resolviam criar outra obra ao traduzir o nome do filme. 1955. Direção e produção de Otto Preminger, estrelado por Frank Sinatra, Eleanor Parker e Kim Novak, o filme, com uma temática ousada e com um desempenho fantástico do Frank Sinatra (é o seu melhor filme como ator sem dúvidas), chegou a ser indicado para prêmios importantes. É a estória de um viciado em heroína, jogador e músico, que desenvolve uma relação baseada com a sua culpa em relação a um acidente sofrido pela esposa (Eleanor Parker, excelente) e é pressionado por esta (passado) e mais pela amante ( que representa o amor e o novo ) pelo tráficante e pelos jogadores ( seu passado). Nesta estória pouco Hollywoodiana, destaque para o diretor,os atores e para a trilha sonora de Elmer Bernstein, totalmente baseada no ritmo que tem tudo a ver com a estória, o Jazz da década de 50. O Diretor como se sabe, era austríaco de nascimento e veio para os EUA como resultado dos conflitos europeus e do nazismo. ALIÁS, aproveitando o que não é uma coincidência, ou seja a presença da Eleanor Parker nos dois filmes, há outro filme, que retrata bem a década de 50 nos EUA e que é muito bom mesmo, trata-se de CHAGA DE FOGO (1951) voltamos ao problema da tradução, OK , que no original chamou-se “Detective Story”, uma produção de William Wyler, criada sobre uma peça da Broadway ( aliás interessante como a cena teatral é um grande celeiro para o cinema nos EUA, diferentemente de outros países) de Sidney Kingsley, com o genial Kirk Douglas fazendo o detetive Jim Mcleod e Eleanor Parker( novamente fabulosa) fazendo sua esposa Mary. Um filme que é ao mesmo tempo realista e que consegue passar um profundo drama existencial, um verdadeiro tratado sobre a ética. Vale demais a pena ver ambos, dois P&B fantásticos !