sexta-feira, 7 de março de 2008

"SILVERADO/OS IMPERDOÁVEIS"


Ainda como aperitivo para “Onde os fracos não tem vez”, revi dois exemplares sobre o gênero ( Faroeste ou Western) ou seja, “ Silverado” e “Os imperdoáveis”. O primeiro, Silverado (1985) é uma produção do diretor Lawrence Kasdan, que se propõe a fazer uma verdadeira homenagem ao gênero. Utiliza um elenco estelar ( usando critérios de hoje e não da época em que foi feito) como Kevin Kline, Kevin Costner, Danny Glover, Jonh Cleese e Jeff Goldblum, o filme acaba sendo um retrato da decadência do gênero e para mim não funciona, embora muitos gostem. O melhor do filme, foi efetivamente contemplado na indicação para o Oscar de melhor trilha sonora. A imagem embora retrate geográficamente o oeste, não funciona mais, pois é muito “ limpa” para uma realidade e cultura “suja”, assim como os atores e atrizes, mesmo apresentando o Kevin Kline barbado e o Danny Glover idem, não conseguem remeter ao empoeirado e seco West americano. Positivamente, com exceção do Scott Glenn ( personagem Emmet ) e de Brian Dennehy ( xerife Cobb) os demais não conseguem corresponder ao estereótipo do gênero, e mesmo a direção resvala para um humor suave que efetivamente nada tem a ver com Jonh Wayne, Forte Apache, e os pistoleiros sanguinolentos. Em compensação, a associação Kasdan/Kline e Glover vai funcionar magistralmente seis anos depois no filme “ Grand Cannyon- ansiedade de uma geração” que qualquer dia destes eu posto.

Em compensação, temos “Os imperdoáveis” (1992) um clássico imperdível, com o genial (neste filme pelo menos) Clint Eastwood, na direção e como protagonista, Bill Munny, secundado pelas atuações também fabulosas de Morgan Freeman ( Ned Logan) e Gene Hackman ( Bill Duguet). Aqui você tem atores que de certa maneira conseguem transmitir ainda aquela dureza do oeste bravio, mas que se unem para contar uma estória, que longe de homenagear o genêro, mostram justamente sua decadência e suas facetas menos ressaltadas, como por exemplo a associação inevitável entre o álcool e a coragem, a relatividade entre a moral e a honra, a violência sem sentido, e a aridez. Não é fácil fazer algo desconstruindo um conjunto de clichês que estão profundamente arraigados na cultura ocidental. O mais difícil ainda é fazer um filme sério sobre isto, pois o humor escrachado ( Mel Brooks- Banzé no Oeste) consegue fazê-lo com certa eficiência. Recentemente, “ O segredo de Breakbroke Mountain” também se propunha a esta desconstrução ( será? ) e também não funcionou ( neste sentido). Os imperdoáveis, conseguem, com certeza. Ah, para os aficcionados, melhor filme, melhor diretor e melhor ator coadjuvante ( Hackman) no Oscar 1993.

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