Há várias leituras possíveis sobre o grande vitorioso do Oscar 2008, ou seja, “ No Country for old man”, produzido e dirigido pelos irmãos Joel e Ethan Coen. As duas primeiras, é um bom filme, sem ser maravilhoso e a tradução para “ Onde os fracos não tem vez” mata muito do filme. Há uma característica que salta muito aos meus olhos, é que a fotografia, a trilha sonora e as imagens, retratam sem dúvida alguma, ainda aquele oeste bravio, mas com muita intensidade a fisionomia dos quatro grandes atores que compõe o quadro principal do filme, ou seja, Tommy Lee Jones, Javier Bardem, Woody Harelson e Josh Brolin é o que mais retrata a dureza e a aridez daquela realidade. São faces duras, encarquilhadas, sem alegria, apenas risos irônicos, e a violência, fica bem claro, não está só na ação. Neste sentido lembra um pouco “Os Imperdoáveis”, porém com menos referencia no passado, e sim no presente cruel (até para com os animais) em que o personagem principal, o xerife de Tommy Lee Jones, representa o anti-herói, o homem da lei impotente, fraco e que assume uma atitude de desesperança e inevitabilidade diante de um quadro de violência, que eu chamaria de “violência má”, uma violência insana que no final é a grande vitoriosa no filme. Não é a simples violência que choca no filme, pois sabemos bem que o público, principalmente o norte-americano, mas nós também não estamos ficando atrás, gosta da “violência boa”, aquela na qual estamos no papel de mocinhos. Mas não é desta violência que o filme fala e sim da insanidade moral e da falta de sentido de uma lógica particular (neste sentido me lembrei de um filme, “Kalifornia” (1993), com um excelente contraponto entre Brad Pitt,Juliette Lewis e David Duchovny) em que o matador de Javier Bardem não deixa de reparar que todos lhe dizem o mesmo: “Você não precisa fazer isso” !
O que mais me chamou a atenção, após todas estas anotações, foi o fato deste filme ter ganho o Oscar. Não vou entrar na inútil discussão comparativa, até por que não vi os outros, mas acho significativo e mesmo doentio este filme ter ganho o prêmio de melhor filme pela industria do cinema de Hollywood. Acho que é um sintoma, e neste sentido há muita diferença com “Crash”, de que a violência sem sentido, os cadáveres e o sangue estão muito mais próximos e cada vez nos chocam menos (O xerife diria que é inevitável e ainda acrescentaria para o ajudante: Voce já reparou quem está morrendo?) e talvez mesmo por isso, o Presidente dos EUA não tenha vergonha de defender a tortura (a boa) e um quarto dos brasileiros (segundo recente pesquisa) também não. Neste mundo, não há mesmo lugar para a lei, a justiça, para heróis e para os mais velhos. Há, também não há lugar para sonhos !
3 comentários:
Muito bem feito seu post sobre o filme! Concordo com seu ponto de vista! Mesmo olhando sob seu prisma, achei o filme muito chato, monótono e talvez "sem sentido", mesmo com o sentido apresentado por você. Estranhei demais ele ter ganho o Oscar, tendo um filme como "O Suspeito" no mesmo ano e que não concorreu a nada. Cada vez acredito menos no Oscar...
Meu caríssimo amigo Rick!
Não tenho a mínima idéia do que estou fazendo aqui, mas já que fui convidado por figura tão nobre e querida, cá estou. Estou esperando a estréia do Speed Race para responder à seu apelo. Há muitos anos que não tenho o menor apreço pelo jeito holliwoodiano de fazer as coisas, porém já senti que por aqui, algo de bom sempre aparece. Resolvi comentar sobre a morte de Jeff Healey, que é mais a minha praia e da qual eu não sabia. Quando o tempo permitir vou colocar algo sobre o Laurence Kasdan, um diretor com estilo próprio. Abraços à todos...
Olha, sinceramente, percebe-se de cara que você não tem a mínima idéia do que seja um filme de conteúdo. Vai me desculpar, mas pelo visto você nao captou sequer a mensagem escancarada do filme. E pior, quem concordou com você também nao tem a mínima noção do que está vendo na tela do cinema.
Leia: http://cine.hitechlive.com.br/2008/02/19/onde-os-fracos-nao-tem-vez/
e entenderá o que é cinema bom.
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