Em homenagem ao dia de hoje, solenemente esquecido pela grande mídia e sociedade em geral, como o próprio índio, assisti " Terra Vermelha" uma produção ítalo-brasileira de 2007, do diretor Marco Bechis com roteiro do próprio e mais de Luis Bolognesi, brasileiro, marido da cineasta Lais Bodanski e roteirista do elogiado "Bicho de Sete Cabeças" e "Chega de saudades". O título original em italiano seria talvez melhor traduzido por " A Terra dos homens vermelhos", mas em Inglês é pior: " Birdwatchers". O filme tem algo de muito bom: desde o começo fica claro que não se trata de uma visão romântica e nem estereotipada. Penso que eleger um dia para comemorar o índio é meio que reconhecer o enorme genocídio físico e cultural que fizemos, e quando o dia cai no esquecimento é meio que reconhecer o sucesso desta "solução final". Durante anos nossas escolas fizeram nossas cabeças criando uma imagem de índio estigmatizado e folclorizado e com isto não conseguimos nos reconhecer como índios. O filme mostra entre outras coisas, que continuamos matando o índio dentro de nós e o que é pior, fisicamente também. O filme mostra as desventuras de uma comunidade Guarani-Kaniwoá tentando uma retomada de terras próximo a Dourados no Mato Grosso do Sul. A (im)possibilidade desta retomada, especialmente do ponto de vista cultural ( tipo- não há mais possibilidade de viver de caça e pesca) poderia ser uma razão para os suicídios, mas o filme traz componentes metafísicos e religiososque complicam um pouco esta questão. Um bom entretenimento e meio de reflexão, para nós que somos índios, embora longes daquela imagem estigmatizada e folclorizada que se "comemora" em 19 de abril.
Nenhum comentário:
Postar um comentário