quarta-feira, 30 de abril de 2008

PONTO DE VISTA

O último post do mês é sobre " Ponto de Vista" ( vantage point) , uma produção que ainda está nos cinemas do Rio e vale a pena ser vista, é claro, principalmente se voce gosta de um bom filme d e ação, pois é isto que o filme é. Não é meu estilo preferido, mas quando é bom não há como não gostar, do tipo "Velocidade Máxima". Trata-se da filmagem de um evento (tentativa de assassinato do presidente dos EUA) visto por diferentes angulos e com um acabamento primoroso, após uma perseguição automobilistica vertiginosa, que beira as vezes o inverossímil, mas só um pouco. Não é um filme de ator, embora o Denis Quaid, o William Hurt e o Forrest Whitaker trabalhem direitinho, sem nenhum brilho excedente, mas é um filme de diretor, de alguém que trabalhou uma concepção muito bem, e produziu um filme que distrai e tem qualidade. Ouvi uma crítica de alguém que esperava algo mais em termos de conteúdo, mas não acho que este fosse o propósito do filme, nem mesmo produzir alguma discussão sobre as perspectivas diferentes, pois elas não são diferentes, mas produzem um excelente filme de ação, com um soberbo trabalho de câmara ( direção de filmagem). O diretor é Pete Travis, que veio da TV americana e o roteirista Barry Levy, idem.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

OS SONHADORES/1968


Acabou-se o feriadão de São Jorge e Tiradentes e o último Homenageado é Bernardo Bertolucci com o seu " Os sonhadores" (The Dreamers) uma produção Ítalo-Franco- britânica de 2003, que revi. Gostei mais da primeira vez quando vi no cinema. O filme se encaixa perfeitamente na revisão dos quarenta anos de 1968, o ano que não terminou, no dizer do Zuenir Ventura. O debate sobre 68, tirando um artigo do Gaspari e algumas respostas, e um caderno do Globo, não vem acontecendo ainda, mas nada melhor que o personagem Mathew cobrando de Theo:" Se você acreditasse mesmo nisto, estaria lá fora e não aqui comigo, discutindo cinema, tomando vinhos caros e falando em Maoísmo". O filme é bom e trata do relacionamento entre dois irmãos e um amigo nos dias de 1968 em Paris onde discute-se muito cinema, música, relacionamentos entre pais e filhos, a sociedade. Enquanto isto lá fora....De repente Isabella alerta: " A rua invadiu o quarto"..."Para as ruas"...E irrompe a violência, para alguns pequeno-burguesa e despropositada. O filme é repleto de citações cinematográficas e tem uma trilha musical soberba. Se não servisse para mais nada, o filme trouxe ao mundo a sensacional Eva Green. Valeu !

quarta-feira, 23 de abril de 2008

O HOMEM DE FERRO

Estréia prevista para breve, muito breve,“ O Homem de Ferro”, vem na linha da transposição para o cinema dos heróis e personagens dos Quadrinhos. Em termos de cinema, esta transposição não tem sido bem feita, com filmes fracos, que não disfarçam o interesse meramente comercial. A presença de Robert Downey Junior, como Richard Stark pode ser um alento, pois o ator é conhecido por remar contra a corrente ( as vezes até demais) mas porém contudo todavia, vale a pena dar uma olhada, para quem brincou com os heróis Marvel.

terça-feira, 22 de abril de 2008

ROCCO E SESU IRMÃOS/VISCONTI

Revi ontem, um dos clássicos do Neo-Realismo Italiano, "Rocco e seus irmãos", uma produção ítalo-francesa de 1960, dirigida pelo genial Luchino Visconti ( 1906-1976). Ao contrário dos filmes neo-realistas da primeira fase, imediatamente pós-guerras, este exemplar explora mais as características psico-sociais e o resultado é fascinante. É um filme denso, longo (180 minutos) e em Preto e Branco, que trata da migração de uma família numerosa, do sul da Itália para Milão.
A chegada da mãe e de mais quatro irmãos interrompe a festa e o noivado do quinto irmão Vicenzo, que rompe com a família da noiva para ficar com a mãe e os irmãos, e depois é "salvo" por um acidente ( a gravidez da noiva) que o leva a se afastar da "família". Está tudo lá no filme, o machismo, o matriarcado, uma idéia mafiosa de família, uma ética social duvidosa, que leva Rocco a abdicar de seu amor pela prostituta Nádia ( e aqui aparece a dicotomia mãe x prostituta - tem uma cena primorosa quando elas estão morando juntas) em prol do amor do irmão mais velho e depois sublimar seu ódio no boxe. Simone e Ciro são um contraponto, um avesso ao trabalho, desde as primeiras cenas, jogador, fumante e o segundo trabalhador, arruma logo um emprego na Alfa Romeo, e é tão certinho que é o único a recriminar e até mesmo denunciar o irmão, rompendo com a ética familiar, por ter matado Nádia. Há um sem número de questões, inclusive o homossexualismo, o filme é fantásticamente filmado e dirigido, há crítica social, e não deixa de ser fascinante o esforço do Alain Delon em superar as limitações físicas de um papel que não parece feito para ele e o bom desempenho da Annie Girardot que vive a Nádia. Há também a Claudia Cardinale em um papel pequeno ( ela esteve completando recentemente 70 anos de idade e como era bela). Um grande filme !

segunda-feira, 21 de abril de 2008

O PASSADO



A sinopse do filme e a presença do Gael Garcia Bernal enganam. Trata-se de uma produção de 2007 do argentino-brasileiro Hector Babenco, mas apesar de tudo, não é um bom filme. O tema é incômodo para alguns ( como eu) ou seja separação, amor e passado, mas o filme é ruim mesmo, as cenas são longas e demoradas, o tem é apresentado com muita pretensão, repleta de "figuras simbólicas e incompreensíveis" pela maioria dos mortais e por outro lado por clichês simplistas e maniquesístas do tipo " cheirar cocaína em cima do vidro do retrato da ex-mulher. O que salva um pouco o filme é mesmo o desempenho do ator, que depois do seu surgimento em "Amores Brutos" tem dado mostras de ser um dos bons, mas nem ele consegue escapar de alguns estereótipos no processo de decadência. O filme tem problemas na edição ( deve ser o lado brasileiro) na parte do sequestro do filho e uma participação especial ( ainda bem que curta) e caricata do saudoso Paulo Autran. Infelizmente, é ruim !

domingo, 20 de abril de 2008

DOIS TOQUES

1) Programação do cineclube da Escola de Cinema Darcy Ribeiro - sessões aos sábados , ás 18:0 horas. rua da Alfandega 5- esquina com primeiro de março:

03/05 - O Testamento de Orfeu (Jean Cocteau)
10/05 - O Estado das Coisas (Wim Wenders)
17/05 - O Jogador (Robert Altman)
31/05 - Estrela Nua (Icaro Martins)


JUNHO
07/06 - Além das Nuvens (Michelangelo Antonioni)
14/06 - O Último Magnata (Elia Kazan)
21/06 - Ed Wood (Tim Burton)
28/06 - Bom Dia Babilônia (Irmão Taviani)

JULHO
05/07 – Dirigindo no Escuro (Woody Allen)
12/07 - Ladrões de Cinema (Fernando Cony Campos)
19/07 - Exibição dos filmes dos alunos da ECDR

Entrada franca

2) de 22 a 27 de abril - CENTRO CULTURAL DA CAIXA - filmes com temática africana e brasileira, Mostra " Espelho Atlantico", sempre às 19:00 horas. Um curta e um longa, por R$4,00 a inteira e R$ 2,00 a meia.

PROGRAMAÇÃO PREVISTA

Dia 22

Dia 23

Dia 24

Dia 25

Dia 26

Dia 27

O Clandestino

Dir: Jose Laplaine

1997

15 min.

Zaire/Angola

Livre

Mama Put

Dir.: Seke Somolu

2006

30 min

Nigéria

12 anos

Menged

Dir: Daniel Taye Workou

2006

20min

Etiópia

Livre

Balé de pé no chão

Dir: Lilian Solá Santiago

2008

17 min

Brasil

Livre

Maria sem graça

Dir: Leandro Goddinho

2007

12 min

Brasil

Livre

The Ball

Orlando Mesquista

2001

5 min

Moçambique

Livre

Kuxa Kanema - O nascimento do cinema

Dir: Margarida Cardoso

2003

53 min

Bélgica/ França/ Portugal

Livre

A Cidade das Mulheres

Dir: Lázaro Faria

2005

72 min

Brasil

Livre

Mortu Nega

Dir: Flora Gomes,

1987,

85min

Guiné-Bissau.

12 anos

Na Cidade Vazia

Dir: Maria João Ganga

2005

88min

Angola

Livre

Família Alcântara

Dir.: Lílian e Daniel Solá Santiago, 2006

52min

Brasil

Livre

O Herói

Dir: Zezé Gamboa

2004

97 min

Angola

Livre


Veja a sinopse no site da Caixa Cultural.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

'SALOMÉ E SAURA"

Assisti ontem à noite, "Salomé" filme de 2002 de Carlos Saura.
Trata-se de um bom filme, e que como quase toda a filmografia do estupendo diretor espanhol, é um misto de " making of" e espetáculo de dança. Pessoalmente sou vidrado em contar estórias através da dança e Saura é um dos mestres nesta arte, que já mencionei no blog no "post" sobre "West Side Story". A dança flamenca dançada pelos espanhóis já é uma coisa fantástica por si só. Além de Salomé, já vi e revi várias vezes " Carmem", "Bodas de Sangue" e "Amor Bruxo", que compõe o que muitos chamam de trilogia flamenca, do diretor. Há outro filme muito bom, que se chama Ibéria, e que através da música e da dança, faz um retrato cultural emocionante. Resta ainda assistir " Tango" e o mais recente " Fados", porém confesso que tenho certo medo de assistir pela presença do Toni Garrido ( mas acho que é só como cantor, menos mau). Uma das coisas mais interessantes nos filmes de Saura é sua demonstração do processo de construção dos espetáculos, do quão árduo e suorento é colocar a emoção a serviço da expressividade, e como a técnica, apesar de soberba, necessita muito da disciplina e da transpiração. "Carmem" é meu favorito, por causa do Antonio Gades, bailarino e coreografo soberbo, que infelizmente faleceu, mas todos os filmes são fantásticos e tem momentos e bailarinos emocionantes. Vou tentar colocar no post o vídeo do bailado da Aida Gomez na cena em que Salomé dança para Herodes, mas se eu não conseguir por imperícia junto ao blog, vá ver no You Tube http://www.youtube.com/watch?v=LJsNW68RCjg Valeu !

domingo, 13 de abril de 2008

"65 anos de cinema"

Atenção para www.65 anosdecinema.pro.br indicação de minha amiga Leila, que a primeira vista parece ser algo muito completo em termo de informações cinematográficas. Já é um dos favoritos tanto na lista pessoal, como no blog.

Quem censura o censor? (Dê sua opinião, por favor)

Esta é a livre-tradução de uma notícia tirada do blog cinematical
{{A batalha das censuras se enfurece no Canadá
E a Batalha continua. No início de Março, eu postei sobre como o Governo canadense está tentando aumentar as restrições em quais filmes recebem "Taxas de crédito" (alguma espécie de incentivo governamental) -- tudo para não dar dinheiro para aqueles filmes "Mais baixos entre os baixos" -- sabe, aqueles com "violência gratuita, conteúdo sexual significante que não tenha finalidade educacional, ou denegrindo um grupo identificável". Sob estes termos, significaria qualquer filme de ação ou suspense, a maioria dos filmes que discutem sexo, e qualquer comédia que divirta bem, qualquer pessoa.
Agora aqueles de dentro da indústria (do cinema) estão contra-atacando. O CBC informa que Sarah Polley, a atriz e cineasta por trás do nomeado ao Oscar "Away From Her" (Em português "Longe Dela"), e outros na indústria desceram a Ottawa para ter sua voz. Polley diz: "É o trabalho dos artistas que provoca e desafia. Parte da responsabilidade de ser um artista é criar trabalho que inspirará diálogo, sugerir que pessoas examinem suas posições estabelecidas e, sim, ocasionalmente ofender para conseguir fazer isso." Enquanto isso, o Partido Conservador do Canadá emitiu um comunidado à imprensa supostamente atacando os laços políticos de Polley e estabelecendo que os artistas não deveriam dizer aos "canadenses que trabalham duro" como o dinheiro dos impostos deve ser gasto.
Oh, as intermináveis e irresolvidas guerras sobre taxação e censura. Não vamos aprender nunca?}}

Nem vou emitir minha opinião agora. Primeiro a sua. O que você acha disso tudo? Comente, por favor.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

'AGONIA E EXTASE/NUNCA AOS DOMINGOS"

Ainda pautado pelo obituário, seguem-se duas mortes importantes para o cinema: Na virada do mês foi-se o diretor Jules Dassin, norte-americano, nascido em 1911, que ficou conhecido através de uma série de “filmes-noir” nas décadas de 40 e 50 e depois perseguido pelo “macartismo anti-comunista” nos EUA, emigrou para a Europa onde fez o bom filme “ NUNCA AOS DOMINGOS” de 1960, que tentei rever por estes dias mas não consegui acha-lo. No filme, o próprio diretor faz o papel de um americano quê se defronta em um porto grego com a interessante prostituta grega Ilya ( vivida pela grande atriz grega Melina Mercouri, esposa de Dassin). O filme revelou ainda uma canção sucesso, ganhadora de Oscar e vale a pena ser visto. Outra morte de grande ator, ontem, trata-se de Charlton Heston, um rosto que ficará sempre marcado como Ben-Hur, e também pelos planetas dos macacos, mas que também demonstrou muita coragem em expor sua posição reacionária, no documentário Tiros em Columbine. O ator fez muitos filmes bons, mas sua fisionomia dura parecia indicá-lo para personagens clássicos e épicos ( bem diferente de um Collin Farrell em Alexandre, por exemplo). Escolhi rever para esta postagem, AGONIA E EXTASE, um filme de 1965, dirigido por Carol Reed, no qual Charlton Heston vive o pintor Michelangelo e trava um certo embate psicoestético com o papa Julio II vivido por Rex Harrison. O filme é meio que uma aula de história da arte, meio discussão sobre a vaidade e outros sentimentos humanos, mas tem deficiências no roteiro ( meio mecanicista) sendo que vale muito pela tentativa do ator em tirar uma interpretação mais calcada no sentimento, produzindo um contraste interessante com a sua fisionomia que muitos da crítica consideram granítico. Tirar da pedra bruta uma forma leve, não deixa de ser escultura – escultura cinematográfica.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

"ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA"

Está previsto para ser lançado no segundo semestre de 2008, um filme que promete ser uma das sensações da indústria cinematográfica: O título em inglês é Blindness e o filme uma adaptação do romance do prêmio Nobel português, José Saramago. O diretor, o nosso brasileiro Fernando Meirelles, definitivamente incorporado ao mercado cionematográfico mundial de ponta. O roteiro, de Don Mckellar, e o elenco com estrelas tipo Julianne Moore, Mark Ruffalo, Gael Garcia Bernal, Danny Glover e a nossa Alice Braga. O filme deve ser mesmo um sucesso, pois é apoiado em um grande romance, cuja estória é mais ou menos a seguinte: espalha-se uma misteriosa doença, uma cegueira entre a população e apenas a esposa de um médico, dos primeiros que tem contato com a doença, consegue enxergar. Os doentes são confinados para evitar o contágio e por aí vai. Confesso que tive a maior dificuldade para ler o livro até o final, de tão bom que ele é, provoca mal estar. A principal dificuldade que os produtores e diretores estão tendo é retirar do filme este clima barra pesada, mas este é um objetivo fácil para a indústria hoje. O Fernando Meirelles ( Cidade de Deus, Domésticas ) já mostrou que é competente prá caramba e outro risco para o filme é ficar no multiculturalismo da nova globalização cinematográfica, da qual o Jardineiro Fiel não escapou. Outro grande lance é a trilha sonora, que parece vai ficar na criativa sonoridade do grupo brasileiro-mineiro Uakti. Quem enxerga um pouco já antevê um sucessão ! Tomara !