segunda-feira, 26 de outubro de 2009

FRENTE A FRENTE COM O INIMIGO

Um caso raro de filme em que a tradução que arrumaram é melhor que o título: este filme inglês de 2009, do diretor Pete Travis, o mesmo do filme "Ponto de Vista" ( um bom filme de ação) - que trata dos complicados processos de negociação na República Sul Africana, que também contribuíram para o fim do Apartheid, talvez não com a importância que mostra a tese do filme, mas sem dúvida alguma, importante. O filme é muito mais do que isto - dois bons atores, William Hurt faz (muito bem) um professor Boer e Chiwetel Ejiofor (inglês descendente de nigerianos) faz o líder Thabo Mbeki do CNA, e o filme mostra que o jogo não terminou com estas negociações bancadas por uma empresa, mas mostra muito mais o que é ficar frente a frente com o inimigo, e ainda mostra aspectos da subjetividade de cada um e as diferentes matizes e estratégias de um grande partido político como CNA. É um bom filme, muito competente, com excelentes tomadas de câmara, o que parece ser um diferencial do diretor. Bons atores fazem papéis secundários na trama, como Nelson Mandela ( vivido pelo esperiente ator norte-americano Clarke Peters) e o ator britânico de Tv Mark Strong que faz muito bem o chefe de informações do governo Sul Africano. Fica um bom filme tanto para quem gosta de política, como para quem gosta de bons filmes de ação, suspense, provando mais uma vez que é possível fazer entretenimento com informação e qualidade. O diretor promete !

terça-feira, 20 de outubro de 2009

SONS DE CUBA

"The sons of cuba" (2004) é um trocadilho que deu certo na tradução. O filme, uma espécie de continuação do " Buena Vista Social Club" é uma produção do Win Wenders, que inteligentemente fez um filme sobre a formação e o show de uma banda, reunindo integrantes da geração tradicional, Pio Leiva , o protagonista, e vários músicos de tendências diversas da "nova geração", desde cantores de bolero, até uma cantira de rap, passando por uma sala de ritmos. O filme é excelente, é claro, e conta com uma fotografia de extasiar, narrando a beleza de paisagens e o cotidiano bastante pobre, alegre e despojado. Acaba sendo um filme não apenas sobre a música cubana, mas sobre o país e não é a toa que são orgulhosamente os filhos de Cuba. É especialmente bom para quem gosta de música, e para nós brasileiros, que certamente nos reconhecemos flagrantemente nestes irmãos próximos. Valeu Win Wenders !

domingo, 18 de outubro de 2009

PRAZERES PROIBIDOS

" Prazeres proibidos" (On The Doll-2007) é um filme do diretor Thomas Mignone, que é um cara que produziu videoclips de bandas como o Mettalica. Confesso que não vi os videoclips, pois não é muito a minha praia, mas pelo menos é uma origem diferente dos muitos diretores que tem vindo para o cinema, direto dos seriados de Tv norte-americanos. Nem assim a coisa melhora muito. Trata-se de um produto standartizado do cinema moderno- três estórias diferentes com personagens que se cruzam no final, costurando uma idéia, que no caso do filme, parece ser algo relacionado com a mensagem que o autor produz ao encontrar o personagem principal um pássaro morto. Daí desenvolvem-se estórias que ligam prostituição com perversões sexuais e problemas psicanalíticos. Tem até uma cena de bala perdida flutuando pelo espaço igual já vi em filmes brasileiros ( tem um curta metragem ótimo chamado bala perdida, ou coisa parecida, eu acho), além da já célebre rotação de filmagem com a marca Fernando Meirelles e Cidade de Deus. Achei as prostitutas das três estórias saídas de um conto de fadas, com um alto grau de irrealidade, bem como as perversidades sexuais. Não há porém a menor pornografia exposta e nem ao menos cenas de sexo. Para completar, atores desconhecidos com desempenhos medíocres. Curiosidade satisfeita, espero que diretor e atores melhorem e descubram melhores roteiros.

sábado, 17 de outubro de 2009

A VERDADEIRA ESTÓRIA DE LENA BAKER


"The Lena Baker Story" é um filme de 2008, dirigido e roteirizado por Ralph Wilcox, e estrelado por Tichina Arnold e pelo sempre bom, Peter Coyote. Trata-se da estória de uma negra que na década de 40, foi presa e condenada a morte no estado da Geórgia. Alguns comentários comparam o filme com " A cor púrpura" que vi há muito tempo e pretendo rever para comparar, mas a princípio, acho esta comparação desfavorável, pois este filme em momento algum chega a emocionar e acho que pelo roteiro, que me parece maniqueísta demais, sem nuances. Acho mesmo (está virando uma tese) que se trata de uma deformação do ambiente televisivo, no qual se formou o diretor e roteirista e a própria atriz principal. A TV traz esta forma de discurso, que por vezes parece meio limitada e " forçada". Vale a pena ver ? Sim, mas é um filme mediano e pouco emocionante que tem como ponto positivo expor a mentalidade racista da época, porém de uma forma que por vezes soa irreal.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

DO LUTO À LUTA

Assisti na TV Brasil a este excelente longa de Evaldo Morcazel (2005) que trata de um tema espinhoso, que são as relações entre a sociedade,a família e crianças e indivíduos com síndrome de Down. O envolvimento pessoal do diretor com a questão ( soube que o mesmo tem um filho nestas condições) certamente ajudou para o tratamento leve que se deu ao tema, facilitando muito a compreensão do que deve ser a integração. O filme vai para longe do melodrama e expõe com naturalidade, principalmente a enorme dificuldade enfrentada pelos pais ao lidar com a constatação da doença e como eles podem superar, assim como os próprios indivíduos portadores da síndrome o fazem. Muito interessante a estratégia de apresentar duas visões distintas em filmagens diferentes, dirigidas por dois portadores ( parte final do filme). O filme me fez digerir com mais leveza um assunto que sempre me provocou mal estar. É um documentário criativo, que vale a pena ser visto !

domingo, 11 de outubro de 2009

CINCO MINUTOS DO PARAÍSO

Aproveitando o festival do Rio, o novo ( 2009) filme de Oliver Hirschbiegel, diretor alemão do celebrado "A queda", estrelado pelos excelentes atores norte-irlandeses Liam Neeson e James Nesbitt. Trinta anos depois se reencontram o assassino com o irmão de sua vítima.É um bom filme, que fala sobre reconciliação (consigo e com o outro), arrependimento, violência e sobre outras questões correlatas. A atuação soberba dos atores é o principal do filme, sendo uma grata surpresa o James Nesbitt. com uma atuação visceral em que o corpo fala o tempo todo. O diretor parece ter uma " queda" ( trocadilho infame) por fazer de questões sociais pano de fundo para conflitos intersubjetivos, o que não deixa de ter um resultado interessante, ainda mais que parece haver uma proposta de universalizar o questionamrnto do comportamento daqueles que se associam em grupos com finalidades violentas, como fica claro no discurso do personagem do Liam Neeson em que faz referencia a muçulmanos. Trata-se talvez de um subproduto inteligente do 11 de setembro de 2001, através de um paralelo com a violência política na Europa. Vale a pena ver, sem dúvida.

sábado, 3 de outubro de 2009

USINA DE SONHOS

"Usina de Sonhos" (2008) é a tradução de "The Mysteries of Pittsburgh" um filme de Rawson Marshall Turber, baseado em um romance de Michael Chabon. Não li o livro, mas me asseguram que é fiel. Trata-se de um filme tipo " rito de passagem", ou seja, o personagem principal Art, tem que se livrar do fantasma paterno ( Nick Nolte, como sempre fazendo papel de Nick Nolte) e de uma vida que eu até achei divertida, mas o personagem não, e se apaixona por um casal de amigos que representaria uma espécie de ideal romântico da transgressão e diversão. Acho que o filme fracassa nesta composição, pois o casal vivido pela dupla Peter Sarsgaard e Siena Miller não consegue passar para o público o que teria levado o personagem principal a se apaixonar por eles, inclusive sexualmente. Não sei se a fórmula que vem sendo usada a exaustão de trazer atores e roteiristas da TV para o cinema, a maioria direto dos seriados sitcons funciona muito. Acho que este fime é um bom exmeplo de não-funciona, ficando no meio do caminho de um sessão da tarde e um filme cheio de pretensão.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

DESONRA

"Desonra" é a tradução arrumada para o filme " Disgrace" (2008) do diretor Steve Jacobs, baseado em livro do escritor sul-africano J.M. Coetze com roteiro de Ana Maria Monticelli. Não li o livro, mas é uma estória densa, que mistura questões subjetivas como o desejo e questões sociais como as relações sociais entre brancos e negros na sociedade sul-africana, com uma interessante visão branca. O diretor tem a seu favor a dificuldade de contar uma estória dessas sem cair no melodramático ou abafar a contextualziação social. Ele consegue, ajudado e muito pelo ator Jonh Malkovich, que quando acerta um papel, é extremamente competente. Também a Jessica Haines, que para mim é uma novata, trabalha muito bem no difícil papel de Lucy, a filha do professor vivido por Malkovich. O filme faz com competência esta ponte entre o subjetivo e o social, sendo que as vezes é um pouco lento e arrastado, no limiar da chatice, principalmente para nós que temos certa dificuldade em entedner uma sociedade que foi marcada por um tipo de racismo diferente do nosso, e que talvez seja, na exposição da dificuldade de inter-relações, afinal um bom filme.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

ANJOS E DEMÔNIOS

" Anjos e Demônios" (2009) é um filme do diretor Ron Howard, que se baseia em obra literária do escritor Dan Brown e que funciona como uma espécie de "continuação" do "Código Da Vinci"( gostei muito do livro, mas não tanto do filme) com o mesmo personagem chave, o professor Langdom. Não li este segundo livro, mas salta aos olhos, que se aproveita de uma fórmula eficiente de filme de mistério-ação, como sociedades secretas (aqui, Illuminatas" ao invés de "Opus Dei") oposição ciência x religião, crimes, etc....O roteiro vai bem até que próximo do final assume opções ridículas ( me refiro à explosão e cenas subsequentes) que estragam um pouco o que poderia ser é claro, um bom filme de mistério. Duas outras coisas me chamaram a atenção no filme, pois fica flagrante uma certa intenção de composição ( tipo limpar a barra) com a Igreja , após os reflexos negativos do "Código Da Vinci" e uma última observação é que o filme apresenta dois protagonistas totalmente desgastados, com uma desempenho bastante abaixo do que costumam apresentar, Tom Hawks e Ewan Mac Gregor, estão muito ruins.