sábado, 30 de maio de 2009

A TROCA



O filme "Changeling" (2008) dirigido por Clint Eastwood, se baseia em fatos reais, e em um bom roteiro. Mais do que isto, na boa representação da Angeline Jolie, que de forma impressionante, consegue passar sensualidade misturada com sofrimento e arrebata o filme. Além do desempenho da atriz, também os demais do elenco, que funcionam mais como apoio ( talvez com a exceção do Jonh Malkovich) são bons e neste caso fica claro o peso do trabalho do diretor. É um bom filme, sem dúvida alguma, talvez um dos melhores da Angeline Jolie.

Queime Depois de Ler

Alguns acham que "Burn after reading" (2008) dos irmãos Coen é um "besteirol"..., já eu acho que é uma típica "chanchada", mas certamente os diretores pretendiam uma sátira. Não deixa de ser, mas é uma sátira boba, que pretende ridicularizar ( tema do gosto norte-americano) os órgãos de informação dos EUA ( aqui, não sei bem porque, a gente leva este "povo" mais a sério, resquícios da ditadura militar). O elenco é de primeira grandeza, sendo que alguns atores, como o Brad Pitt ( excelente) a Frances Mc Dormand e o Jonh Malkovich ( é claro) ressaltam dos demais,pois são excelentes para o tipo de filme. Já o George Clooney faz um papel ridículo, com um desempenho péssimo que deve ser um dos piores de sua carreira. Em matéria de sátira pouco reflexiva, os hermanos do norte são melhores nos sitcons televisivos, ficando o filme a desejar. Dá prá ver ? Dá, mas na falta de coisa melhor para fazer.... Um ou outro sorriso, e só, é muito pouco para tantos astros e estrelas, fora a esperança de algo melhor dos diretores pós-Oscar.

terça-feira, 12 de maio de 2009

TOMMY

"Tommy" é o filme de 1975 de Ken Russel, baseado na ópera-rock do grupo inglês "The Who". Como musical tem defeitos e qualidades,como por exemplo a inconsistencia de muitas das falas cantadas e acaba por ser um filme mediano. Ressalta a criatividade na filmagem e na composição de algumas cenas, com absoluto destaque para aquela que foi cortada quando o filme passou no cinema, que é o culto à Marilyn Monroe. O roteiro cai um bocado após a cura do personagem e vira algo entre a comédia e o discurso direto, salvando-se sempre, porém, pela excelente trilha sonora e pela capacidade que tem de expressar um momento histórico cultural que evidentemente já passou. A boa atuação da Ann-Margret e a curiosidade pelo desempenho dos convidados especiais Elton Jonh e Jack Nicholson também são ingredientes valorizados. Valeu re-ver!

domingo, 10 de maio de 2009

O REI DA COMÉDIA

" The King of Comedy" (1982) é um clássico do cinema para mim. Entretenimento e muita ( muita ) reflexão. Meus filhos acham uma chatice, este filme do Martin Scorcese, com roteiro de Paul Zimmerman, que foge aos próprios padrões do diretor e apresenta além do roteiro, as brilhantes atuações de Robert De Niro ( fabuloso) e do Jerry Lewis em um dos raros papéis sérios de sua carreira, além da Sandra Bernhard também muito bem. Pensar sobre o sucesso, o vazio na vida das pessoas, o entretenimento enquanto negócio e de certa forma a loucura e a imaginação, com humor e ironia é o conjunto de ingredientes desta obra prima, que antevê os vazios anos seguintes, se bobear até hoje e lá vai fumaça, mas com muito sucesso sempre.

terça-feira, 5 de maio de 2009

FELIZ NATAL


Não sei se conceituar um filme “Cult” é tão simples como identificar um. Acho que de uma maneira geral, um filme “Cult” é aquele em que a função entretenimento é deixada de lado em face de outras funções tais como a propagação de uma ou mais idéias ou conceitos, experimentalismos e catarses, desempenhos e por aí vai....Muitas vezes os próprios produtores, diretores, atores, e demais envolvidos na confecção do produto, assumem uma atitude “Cult”, ou seja, de deixar para lá o entretenimento e o próprio público e se voltar para uma obra “autoral” demais que pode passar por incompreensível ou de difícil compreensão e quase sempre chata. Porém, na maior parte das vezes os envolvidos na confecção do produto estão preocupados com o entretenimento e o público, mas não querem ou não aceitam fazer algo dentro dos rígidos parâmetros do entretenimento atual, que despreza qualquer forma de qualidade ou reflexão. Estes produtos são taxados de “Cult” de fora prá dentro, uma vez que são identificados como dissonantes da tendência do mercado e da formação cultural da sociedade de consumo em que vivemos, mas não correspondem a um desejo de ser “Cult”.

De uma maneira geral os filmes “Cult” tem temáticas reflexivas, sendo que as motivações subjetivas e comportamentais são um “prato cheio” que provoca ânsias de vômito naqueles que não querem pensar e que acham que entretenimento é sinônimo de idiotice. Mas o principal no filme “Cult” e que muitas das vezes afasta muito mais o público do que as temáticas é o tratamento formal, que sempre deseja fazer algo diferente do padrão estabelecido e às vezes acaba construindo uma linguagem muito distante daquela linguagem “idiota” que nos ensinam diariamente.

Devo todas estas digressões “Cult” ao filme “Feliz Natal”(2008) do estreante na direção de longas, Selton Mello, que além de brilhante ator, tem a excelente qualidade de não ter medo de ser “Cult” ou de ser taxado de “Cult”, talvez consciente de que isto representa uma atitude contrária as padrões quase que débeis mentais, estabelecidos pela indústria cultural e seus donos. A consciência ou não desta atitude pode gerar uma “atitude Cult” que à vezes significa um experimentalismo formal excessivo, uma trilha sonora chata e autoral demais, mas quase que sempre com bom resultado no tal. O filme em si, é um bom roteiro e uma boa direção, ajudados pelo desempenho sensacional dos atores que transforma algumas cenas em brilhantes. Todos os principais atores estão muito bem (Leonardo Medeiros, Graziela Morato, Paulo Guarnieri, Darlene Glória, Lúcio Mauro). A cena destaque é o almoço do enterro dos ossos.Há um certo “moralismo” talvez extremado na cena do garoto tomando o remédio da avó, mas nada que não se possa aceitar. Se o primeiro produto é bom assim, a tendência que esperamos e que mais do que isto precisamos é que cada filme seja melhor ainda, e que a longa distância entre o gosto médio do público e a criatividade do autor seja diminuída cada vez mais, por elevado esforço de ambas as partes.


segunda-feira, 4 de maio de 2009

EDEN A L'OEST

Aproveitando o 0800 do Cinefrance, para ver o atualísssimo " Eden a l'oest" do afamado diretor Costa-Gravas e reatar minhas relações com esta arte caríssima hoje que é o Cinema. Não está no primeiro time dos filmes do cineasta greco-frances, como por exemplo Z, Missing e Amen, mas é um filme interessante, no qual o destaque não é o trabalho dos atores ( longe disto) e muito menos o roteiro, que é fraco e muitas vezes resvala para a caricatura e a comédia. Mas ainda asssim o filme vale pela denúncia, que é o seu pano de fundo, ou seja, como é (mal na maioria das vezes) tratado o imigrante ainda mais neste dias bicudos. Há imagens muito boas no filme, especialmente em seu começo e de um modo geral há algo no Costa-Gravas que salva seus filmes do ridículo - bom comportamento é uma exceção, o que dá um toque de realidade. É um filme atual e bem melhor que o último " O Corte" em que também o diretor pega um tema atual, mas a estória que ele cria em cima é meio sem pé nem cabeça.

sábado, 2 de maio de 2009

OS FUZIS

Aproveitando a TV Brasil, Re-vi "Os fuzis", que é um filme de 1964, do diretor Ruy Guerra, e que é considerado um marco do chamado "cinema-novo" brasileiro. Algo de muito novo no filme, é o seu caráter realista, no qual o povo do sertão nordestino é apresentado de forma pouco romântica, quase que bestializado em sua inércia diante da seca, da fome, da violência das armas, esperando o milagre do boi. Um pouco datado na história, o filme traz um discurso político direto, e apresenta bons desempenhos principalmente do Atila Iório, da Maria Gladys e do Nelson Xavier. Acho interessante esta contraposição de discurso, com aquela imagem romântica do camponês heróico, lutador e que vai ganhar as mentes da intelectualidade após 1964. Acho que o Glauber Rocha fica no meio desta caminho, aproximando mais o tipo cangaceiro, e o tipo capanga do povo comum. Aqui neste "Os fuzis" o povo parece um tipo bem aparteado e incapaz de reação armada, embora ao final haja uma concessão ao materialismo. Não chega a ser empolgante, mas sempre é bom re-ver clássicos, pois sempre se encontra uma nova perspectiva, ainda mais se contrapondo ao que hoje conhecemos.