domingo, 30 de novembro de 2008

QUASE NADA


" Quase nada" é um filme de 2000 do diretor Sérgio Rezende e da produtora Mariza Leão, uma dupla que remonta aos cineclubes e que já fez grandes filmes como " Mauá", " Guerra de Canudos", "Zuzu Angel" e o " Homem da Capa Preta". O filme são na verdade três episódios, trazendo para a tela dramas que se passam em um cenário rural que apesar de tão próximo, nos parece tão distante. Os dois primeiros episódios são muito bons, com exzcelentes desempenhos de atores que conseguem compor muito bem o tipo rural, com destaque para o Genézio de Barros no segundo episódio. O grande equivoco do filme é o terceiro episódio e a escalação do Caio Junqueira que quebra o ritmo, destoando da composição rural que o filme traz. Não chega a estragar totalmente mas prejudica muito. De qualquer jeito vale a pena conhecer algo mais sobre uma realidade que parece até documentário de tão distante.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A VIA LÁCTEA


O filme " A Via láctea" de 2007, é o segundo longa da diretora paulista Lina Chamie, filha do poeta Mario Chamie e com uma sólida formação na área musical e na filosofia. O filme é uma saudável experiência criativa, na qual a câmara funciona de forma não convencional, com ritmo que se envolve com um segundo personagem que é a cidade de São Paulo, em torno do bom desempenho dos atores Marco Ricca e Alice Braga, especialmente o primeiro, e com instigante trilha sonora, com direito a musiquinha de Tom e Jerry e muita poesia. É um filme muito criativo, porém, não há (?) como deixar de ser bastante hermético ( eterna discussão sobre o hermetismo da erudição) e em muitos momentos chato e bocejante. Prá quem gosta de criatividade refinada e experimentar o novo e está disposto a sacrificar o lado do mero entretenimento, vale a pena ver. Foge do previsível, especialmente em termos de cinema brasileiro.

domingo, 23 de novembro de 2008

O AMOR NOS TEMPOS DO COLERA


"O amor nos tempos do cólera", é uma produção norte-americana de 2007, dirigida por Mike Newell ( de quatro casamentos e um funeral, e Harry Potter) com um elenco multicultural,onde cabe inclusive a nossa Fernando Montenegro e o Javier Bardem, baseada em romance do Gabriel Garcia Marquez. Eu li o livro e sempre que isto acontece, é raro gostar do filme, pois o livro é sempre muito melhor, mas neste caso, aconteceu algo interessante- a adaptação é tão diferente, que pouco dá prá comparar. O coléra que no livro tem um papel, quase que some no filme. No final sobra um bom filme de romance, feito nos padrões "cinemão", tecnicamente perfeito ( há belas imagens) mas com pouca emoção e criatividade. Não dá prá chorar, mas dá prá ver.

sábado, 22 de novembro de 2008

O SIGNO DA CIDADE

O Signo da Cidade é uma produção brasileira de 2008 da dupla Carlos Alberto Ricelli & Bruna Lombardi, estrelado pela segunda e dirigida pelo primeiro. São estórias de vários personagens em torno ( mais ou menos em torno) de uma astróloga, que responde consultas pelo rádio e lê cartas. A Astróloga (Bruna) não fala com o pai ( Juca de Oliveira) desde os doze anos, pois o mesmo a teria abandonado. São continuas desgraças envolvendo todos os personagens. Se eu entendi direito a letra da música principal, há uma suposta oposição entre o que pode estar escrito nas estrelas ( o destino) e o que podemos mudar no caminhar, mas o filme não mostra muito isto, os personagens parecem estar condenados a trilhar caminhos já traçados o que leva a coincidências ridículas e inverossimeis ( não vou contar para não estragar) e encontros gratuitos e sem sentido. É um filme mediano, com alguns bons desempenhos ( o próprio Juca, Denise Fraga e Eva Wilma) mas a maioria é bastante sofrível. Com alguma dose de paciência e complacência dá prá ver.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

FELICIDADE

Não se deixe enganar pelo título, "Felicidade" (Happiness) de 1998, é uma sátira forte e mordaz de uma família (casal e três filhas maiores) e sua busca por uma felicidade que não parece existir. O filme é meio indigesto e pesado, porque trata de um tema que também o é, ou seja a pedofilia. O humor mordaz, acompanha o desenrolar do filme desde o começo, e o trabalho dos atores, muitos com experiência de teatro, sem grandes nomes conhecidos ( Ben Gazzara, Jon Lovitz e Phillipe Seymour, como exceções) e com um desempenho fabuloso de Dylan Baker em um papel difícil e de Jane Adams, que faz um personagem caricato ( mas nem por issso irreal) e interessante chamado de Joy Jordan. A direção, corajosa e afiada é de Todd Solondz. É claro que não fez sucesso e nem fará, mas se você resolver assistir, verá um filme com cenas fortes, que choca um pouco pelo humor ácido, e tem uma cena antológica do Ben Gazzara na mesa com a mulher e as filhas, que sem diálogo, mata a pau no gestual. Bom filme.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

CAPÍTULO 27


"Capítulo 27" é uma produção canadense de 2007, dirigida e roteirizada por J.P. Shaeffer, que tem uma proposta difícil, ou seja, contar os três dias que antecederam o assassinato de Jonh Lennon pela ótica de seu assassino, Mark Chapman, tentando transportar para o cinema, a confusão mental de Chapman em que se misturam referencias religiosas, desilusões sociais com o ídolo e um certo romantismo deprê. O título é uma referencia ao livro " O Apanhador no Campo de Centeio", que Chapman venerava e tinha consigo por ocasião do crime, sendo que ele acreditava incorporar o personagem principal do livro. O filme não consegue ser bom, acho que a estória poderia ser contada de forma mais criativa e com mais referencias, fica tudo muito solto, desconexo e só com muito esforço faz algum sentido. O mesmo roteirista que fracassa, dirige bem o filme, e o Jared Leto faz um bom esforço para construir o personagem principal e quase único do filme ( ele é um bom ator dos que vieram da Tv para o cinema - lembrei do excelente "Senhor da Guerra" no qual elee faz o irmão do Nicholas Cage) mas as dificuldades são muitas e o filme escorrega no pouco sentido e uma certa lentidão. As conexões são meio ridículas de tão doretas, como os di[alogos sobre o fato do Jonh Lennon ter posses e do prédio onde ele morava e foi assassinado ser o palco do filme " O bebê de Rosemery" e a ligação com a morte de mulher do Polanski. Poderia ser muito, mas muito melhor!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

TRUMAN

Embalado pela estupenda vitória do Obama, resolvi conhecer algo mais sobre a história dos presidentes norte-americanos, e peguei este filme, produzido pela HBO, originalmente para TV, no qual o Gary Sinise faz o personagem do presidente Harry Truman, do qual eu pouco conhecia, a não ser a célebre piada do " How Do You Do Dutra, How Tru Yu Tru Truman" e o fato de que ele era um homem comum, fazendeiro falido do sul dos Estados Unidos, democrata, e que todos achavam ( inclusive ele mesmo) que não estava preparado para o cargo, além é claro de ter determinado a explosão das Bombas de Hiroshima e Nagasaki. O Gary Sinise é muito bom, apareceu mais para o cinema como o tenente de "Forrest Gump", mas depois acabou virando ator mais de TV. O filme é um típico filme norte-americano, ou seja, ressalta totalmente as características individuais do personagem, pouco mostrando do contexto, tipo " My Way", o que no caso em tela, apresneta a enorme dificuldade pela ausencia de características subjetivas interessantes no personagem. De bom o filme faz uma mistura de imagens reais da época e achei ruim a escolha dos atores para quase todos os demais personagens, que chamam a atenção pela interpretação ruim ( inclusive os familiares do Truman, Mac Arthur, Marshall e companhia limitada.) Prá quem gosta de novela é um passo a frente, mas está longe de ser bom. Apenas para anotar, todos os negros do filme são empregados domésticos !

domingo, 9 de novembro de 2008

A MASSAI BRANCA



A Massai branca (Die Weisse Massai) é um filme alemão de 2005, dirigido por Hermine Hungterburth, que tinha tudo para dar errado, assim como o improvável, mas real ( baseado em livro autobiográfico) romance e convívio entre uma comerciante suiça de férias e um guerreiro da etnia massai, no Quênia. A União , embora tenha gerado uma filha e interessantes intercessões e embates culturais, não foi muito prá frente, mas o filme é surpreendentemente bom, propicia reflexões e debates e entretem, sendo salvo por uma boa direção e o bom desempenho da atriz principal Nina Hoss. Para quem gosta do assunto ( possibilidades de convivência entre diferenças culturais significativas) e para quem gosta de entretenimentos diferentes, o filme funciona bem. Tá bom, me rendo, é mesmo prá quem gosta de algo exótico, não há dúvida.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A EXPERIÊNCIA

O filme "Das Experiment" (2001) é um alemão, dirigido por Oliver Hirschbiegel, que em 2004 fez o mais famoso " A queda- as últimas horas de Hitler", que é um filme muito bom. Este também é, mas tem algumas falhas. O principal acerto do filme é o bom desempenho de todos os atores. Recentemente no post de " O acompanhante" me impressionou este ator alemão Moritz Bleibtreu, que deve alcançar um grande destaque. Também está muito bem o Christian Berkel, que faz o preso 38, e que foi um oficial médico no filme " A queda", mas todos em geral estão bem. O filme trata de uma experiência científica que envolve aspectos psicológicos entre presos e guardas, e que na verdade demonstra o quanto estas simulações fogem ao controle real, quando estão envolvidos o exercício do poder e da liberdade. A presença de uma caixa preta no experiência, que coincidentemente tem ligações com o passado do personagem principal, torna o filme mais artificial do deveria e também acho que há algum exagero excessivo em situações meio que clichês, mas é um filme que vale a pena ser visto sem dúvida alguma. De um modo geral me lembrou (sem nenhuma comparação de qualidade) o excelente " Um estranho no ninho" que consegue fazer discussão semelhante sem o artificialismo deste. Vale a pena dar uma olhada e refletir sobre o conteúdo. A meu juízo é melhor que as experiências de ficção científica que pululam nas telas.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

NÃO ESTOU LÁ


O filme "I'm not There" é uma criativa experiência cinematográfica do diretor e co-roteirista Todd Haynes, focada na imagem do músico e ícone cultural norte-americano Bob Dylan. Preocupado em mostrar facetas diversas do símbolo, o diretor se utilizou de atores diversos, para mostrar estas imagens. A Cate Blanchett mata a pau, fazendo a fase mais doidona do músico, mas também estão muito bem o Cristian Bale e o garoto Marcus Carl Franklin. O Richard Gere prá variar destoa, e fora do papel título também estão bem a Juliane Moore e alguém hilário que faz o Allen Ginsberg. É claro que é um filme interessante para quem gosta de trabalhos criativos de dieção e roteiro, mas que é melhor compreendido por quem já tem alguma noção do que é (em parte pelo menos) o Bob Dylan.O filme enfatiza certos aspectos subjetivos que ficam claros e faz várias discusssões interessantes, um pouco centradas demais na questão da pureza da música folk, pureza esta que teria sido traída pelo músico, além de um certo inconformismo do mesmo com o papel de porta-voz político. estes são os pontos altos do filme. Eu, pelos motivos expostos acima, gostei.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

AS MULHERES DE ROSENSTRASSE

"As mulheres de Rosenstrasse" é um filme da diretora alemã, Margarethe Von Trotta, do ano de 2003, que fala sobre dois assuntos que estão sempre no foco da diretora: A guerra e o papel feminino. Trata-se de um filme sobre episódios pouco conhecidos e segundo o filme reais, em que ao final da segunda guerra (1943) mulheres arianas que tinham casamentos mistos com judeus, se organziaram em um movimento nas ruas de Berlim, para resistir a que seus maridos fossem enviados a campos de concentração. Uma espécie de " mães ( e mulheres) da praça de Mayo, é sempre algo interessante como informação, mas que poderia ser mostrado em um filme menor. Não chega a ser Totalmente enfadonho, mas a estória que é construída em cima desta informação é meio sem pé nem cabeça, ficam muitas perguntas sobre o comportamento da personagem da mãe de Hannah, que é meio inexplicável. Se não me engano já vi um filme melhor da diretora sobre a Rosa de Luxemburgo, mas este não é totalmente desproviso de interesse.

sábado, 1 de novembro de 2008

CLEOPATRA

"Cleópatra" é um filme de 2007 , do Julio Bressane. O diretor e roteirista, construiu uma carreira, como alguém que filma e faz um cinema de poucas concessões a um suposto interesse do público, ou seja, investe ao máximo no autoral e no caso dele, o autoral passa por deixar claro que está pouco se lixando para o que o público possa achar. O filme foi premiado como melhor filme do festival de Brasília em 2007 e quando foi anunciado foi bastante vaiado por este público. Desde a época de "Matou a família e foi ao cinema" o diretor construiu uma imagem de "cult" e em certas rodas falar mal do Bressane é.....Procurei tentar entender algo que o diretor estivesse tentando passar. Está claro que há uma tentativa de significar a cultura latina, a cultura egípcia e a grega. Também está claro algumas questões ligadas ao sexo, ao desejo. A produção é boa, a fotografia ( também premiada) é boa, o desempenho dos atores, especialmente a maravilhosa Alesandra Negrini, mas também a tríade de Cesares e até o Miguel Falabella. Mas fica a sensação de que muito investimento para tão pouco. Um filme chato, que mesmo com a maior boa vontade, não dá mesmo vontade de ver, a não ser para uns poucos iniciados, que do gueto, mergulhados em muita pretensão, devem ver algum divertimento ainda que sério em um filme ruim. As vezes ( muitas vezes) a voz do público é sábia. Não custa nada ouvi-la.